Fragmentos: Dentro da noite veloz - Ferreira Gullar

A vida muda como a cor dos frutos lentamente e para sempre. A vida muda como a flor em fruto velozmente.
A vida muda como a água em folhas o sonho em luz elétrica a rosa desembrulha do carbono o pássaro da boca mas quando for tempo.
E é tempo todo o tempo mas não basta um século para fazer a pétala que um só minuto faz ou não mas a vida muda a vida muda o morto em multidão.


7 de out. de 2006

Tiroteio Verbal

Em comício anti-ACM, Lula hostiliza 'oligarquia' baiana

Alckmin: Lula vem dizendo um conjunto de mentiras

Marco Aurélio Garcia cria o “risco Alckmin” e diz que candidato tucano esconde dos eleitores o programa de governo

"Patota" petista deixa governo ineficiente e corrupto, diz Alckmin

Sigilo Zero

Blog do Josias de Souza - Folha on line
Sete mil contribuintes têm sigilo fiscal devassado

Investigação aberta na Corregedoria da Receita Federal no último mês de fevereiro descobriu que cerca de 7.000 pessoas físicas e jurídicas tiveram os seus dados fiscais bisbilhotados nos computadores do fisco. O caso foi noticiado aqui no blog em 29 de março. Àquela altura, o número de contribuintes cujos dados haviam sido perscrutados indevidamente somava 6.000.
O avanço da apuração revelou a existência de mais de 13 mil “acessos imotivados” a cadastros de contribuintes. Havia, porém, casos de reincidências. Ou seja, um mesmo contribuinte teve seus dados invadidos mais de uma vez. A lista incluía, de resto, homônimos. Feita a depuração, chegou-se a um número superior a 7.000 transgressões.

Conforme noticiado aqui, entre os contribuintes bisbilhotados estão o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; o senador eleito e ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira (PMDB-CE); onze juízes da Justiça Federal de Brasília, o ex-secretário da Receita Everardo Maciel, a empresa dele (Logus Consultoria) e pessoas de suas relações (mãe, filha e ex-mulher).

A Receita separa as consultas indevidas ao seu banco de dados em dois tipos: o "acesso imotivado" e a "violação". O que distingue uma transgressão da outra é o fato de que, no segundo caso, além de bisbilhotar dados alheios, o infrator viola o sigilo das informações, divulgando-as.

Por ora, a investigação da Corregedoria da Receira detectou o vazamento para a imprensa de três casos. Envolvem o empresário Marcos Valério, protagonista do escândalo do mensalão, e duas empresas de publicidade que o tinham como sócio: SMP&B e DNA. Há, de resto, a suspeita de que também os dados sigilosos de Henrique Meirelles, o presidente do BC, possam ter sido divulgados indevidamente.

Os autores das supostas trangressões são auditores fiscais. Estavam lotados na própria Corregedoria da Receita. Chegou-se a eles por meio das senhas que dão acesso aos computadores do fisco. Os números de identificação de dois auditores ficaram gravados no sistema. O blog localizou um dos investigados. Chama-se Washington Afonso Rodrigues

Charge do dia - Glauco


Folha de São Paulo - 07/10/2006

6 de out. de 2006

Pé na bunda

Folha Online - 06/10/2006
Berzoini pede licença da presidência do PT

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, pediu nesta sexta-feira licença do cargo, após reunião com a Executiva nacional do partido. Berzoini já foi afastado da coordenação nacional da campanha do PT à Presidência após o envolvimento de um ex-assessor com o "dossiêgate".
O partido estava dividido sobre a permanência de Berzoini. Uma ala entendia que a situação de Berzoini havia se tornado insustentável após ele admitir que coordenava o chamado "núcleo de inteligência", composto pelos principais envolvidos no "dossiêgate". Por outro lado, outra ala do partido defendia que a saída do dirigente da presidência do PT deveria ocorrer somente depois das eleições, pois poderia ser usada pelo PSDB para prejudicar a campanha de Lula.Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a manutenção de Berzoini no cargo."Eu não vejo necessidade de tomar nenhuma decisão política agora, enquanto você não desvendar esse processo [da compra do dossiê]. De qualquer forma, a direção vai se reunir e eu não sei qual vai ser a decisão tomada. Eu não vejo como isso [a decisão de expulsar Berzoini] pode ajudar nesse momento", afirmou.
O PT comunicou também nesta sexta-feira que Hamilton Lacerda e Jorge Lorenzetti, outros dois petistas envolvidos no "dossiêgate", se desfiliaram da legenda

Charge do dia - Glauco


Little Boy
















Senhor Diretas

Blog do Noblat 06/10/2006
Ulysses Guimarães

Se fosse vivo, Ulysses Guimarães completaria hoje 90 anos de idade. Em sua homenagem, segue artigo da cientista política Lucia Hippolito publicado no dia 14 de outubro de 1992 em O Globo por ocasião de sua morte

"Político que a mulher chama por um nome e o eleitorado por outro não tem futuro, me disse uma vez o doutor Ulysses. Doutor Ulysses, assim mesmo, sem necessidade de sobrenome. O Brasil inteiro o conhece assim. O mais completo dos políticos brasileiros dos últimos 50 anos.

Moderado por formação, radical quando necessário, irônico, charmoso, bom papo, dono de um finíssimo senso de humor, grande parlamentar. Formado na mais fina escola de políticos que o país já produziu, o velho PSD de Amaral Peixoto, Juscelino, Tancredo e Alkmin, o doutor Ulysses não acreditava em políticos improvisados. “No PSD todos eram do ramo”, dizia ele. O doutor Ulysses certamente era.

Deputado estadual em 1947, desde 1950 estava na Câmara dos Deputados – 42 anos ininterruptos. Em 1955 integrou a Ala Moça do PSD, junto com Renato Archer, João Pacheco e Chaves, Cid Carvalho, Nestor Jost, Leoberto Leal, José Joffily, Vieira de Melo e Oliveira Brito. Este grupo viabilizou a campanha e o governo de Juscelino, atuando dentro da Câmara dos Deputados. O doutor Ulysses presidiu a Câmara entre 1956 e 1957, contribuindo decisivamente para a aprovação do programa do governo JK. O doutor Ulysses já era moderno naquela época.

Concentrou sua atividade política na Câmara dos Deputados. Como ele mesmo dizia, casou-se com a Câmara. Ministro no primeiro gabinete parlamentarista, não acreditava no parlamentarismo. Só recentemente veio a se render ao sistema, tornando-se um entusiasta do governo de gabinete.

Durante os anos da ditadura, o doutor Ulysses falava por todos nós, exilados fora e dentro do país, amordaçados pela censura e pelo medo. Só ele não tinha medo. Enfrentou os tanques com a mesma dignidade com que enfrentou os cães da polícia:

- Respeitem o presidente da oposição!” Grande doutor Ulysses.

Em 74 aceitou a “anticandidatura” à presidência contra o candidato da ditadura, o general Geisel. Saiu pelo Brasil a pregar a redemocratização e a Constituinte. Com isso, impôs à ditadura uma fragorosa derrota, com a eleição de 16 senadores do MDB – um deles o atual presidente Itamar Franco. Foi o início do fim. Obra do doutor Ulysses.

Link para reportagem completa no Blog do Noblat

5 de out. de 2006

O silêncio dos culpados

CLÓVIS ROSSI

A origem dos "bandidos"

O leitor Eduardo Diniz, professor da Fundação Getúlio Vargas, exumou uma preciosidade em documento oficial do PT, aprovado em 1991. Diz: "A democracia e as relações internas no partido, nas prefeituras que dirigimos e nos movimentos sociais de que participamos devem ser analisadas e criticadas abertamente por nós.
É preciso reconhecer que no "petismo real" existem, em quantidade exagerada e perigosa, fenômenos como o aparelhismo, o sectarismo, as manobras espúrias, a falta de democracia. Sem superar tudo isso, o discurso acerca de nosso projeto de um socialismo renovado ficará no papel. Não seremos capazes de construir uma sociedade melhor amanhã se não formos capazes de mudar nossa prática hoje". Não mudaram nos 15 anos que se seguiram à aprovação dessa avaliação, que é, repito, do próprio PT, não da oposição nem minha.
Deu no que deu, a saber: 1 - O presidente da República e presidente de honra do PT afirma que "quem negocia com bandido vira bandido também". Mas esquece de dizer que quem negociou com bandidos é gente não só de seu partido mas da sua campanha e da campanha do homem pelo qual o presidente diz pôr a mão no fogo, aliás seu líder no Senado, Aloizio Mercadante. 2 - O ministro da Justiça do governo petista, Márcio Thomaz Bastos, disse, no ano passado, que "caixa dois é coisa de bandido".
Esqueceu de dizer que petistas graduadíssimos confessaram caixa dois no episódio do mensalão. Não basta, pois, demitir ou expulsar a meia dúzia apanhada agora com a mão na massa ou os 40 do escândalo anterior, a "quadrilha", segundo o procurador-geral da República. O texto de 91 prova que não nasceu agora a cultura que deu origem aos "bandidos", com a cumplicidade da cúpula e o silêncio da maioria dos filiados.

Chuchu Pai e Chuchu Garotinho

Do blog do Noblat

Panfleto recomenda voto em Lula e dá nº de Alckmin

Eleitores pernambucanos podem ter sido vítimas de uma fraude. O indício do logro está materializado em panfletos que teriam sido distribuídos na zona rural e em municípios do sertão de Pernambuco (veja imagem ao lado). Traz a foto de cinco políticos, seguidos dos respectivos números. Uma das fotos expõe a imagem de Lula. Ao lado, surge o 45, que é o número de Geraldo Alckmin. O de Lula é 13.
No universo eleitoral, esse tipo de panfleto é chamado de “santinho”. Serve para orientar o eleitor, informando-lhe o número que deve ser digitado na urna eletrônica. Junto com a foto de Lula aparecem políticos da coligação PMDB-PFL, que apoiou Alckmin em Pernambuco. São eles: Osvaldo Coelho, candidato à reeleição para a Câmara (número 2530), Geraldo Coelho, postulante à reeleição para a Assembléia Legislativa de Pernambuco (25230), Jarbas Vasconcelos, senador (156) e Mendonça Filho, governador (25).

Os “santinhos” fraudulentos foram revelados nesta quinta pelo sítio Supramax. Os responsáveis são desconhecidos. Tampouco se sabe a quantos eleitores a impostura foi distribuída. O PT de Pernambuco deve pedir uma investigação do caso.

Hortifrutigrangeiros


Folha Online - 5/10/2006
O abacaxi e o chuchu

Hélio Schwartsman

Lula conseguiu o que se afigurava mais difícil: deixou escapar entre os dedos a vitória no primeiro turno. Tendo obtido 48,61% dos quase 96 milhões de votos válidos, o presidente ficou a 1,3 milhão de sufrágios do necessário para liquidar o pleito no domingo passado. Ele até pode tentar falar em golpe, armação e complô das elites, mas o fato é que devem ser atribuídos ao PT e ao próprio Lula os erros que levaram a eleição ao segundo escrutínio.
Com efeito, o presidente liderava a disputa com boa folga até mais ou menos 15 dias antes do pleito, quando um grupo de petistas foi apanhado tentando negociar com notórios estelionatários um dossiê com acusações contra tucanos. De lá para cá, só se seguiram más notícias para o PT. Entre os envolvidos, havia gente próxima ao presidente da República. Ricardo Berzoini, presidente do PT e coordenador da campanha presidencial, teve de ser afastado. Fotos da dinheirama vazaram para a imprensa na antevéspera da jornada eleitoral. (As comparações com as imagens dos seqüestradores de Abílio Diniz vestindo camisetas do PT em 1989 não procedem; aquilo foi uma armação para prejudicar a candidatura Lula, pois os seqüestradores foram obrigados a colocar as camisetas antes de ser fotografados. Agora não, o dinheiro foi realmente encontrado com petistas).
Para tornar tudo um pouco pior, pegou bastante mal o fato de Lula ter-se recusado a participar do último debate presidencial. Tudo isso somado, fez com que o presidente não amealhasse os votos necessários para uma vitória antecipada.Sua situação agora se complica. Lula dá início à segunda etapa da campanha com um sabor de derrota na boca. Já seu adversário, Geraldo Alckmin, desponta como vitorioso, ainda que sua passagem para o segundo turno seja mérito do PT. A próxima bateria de pesquisas eleitorais já deverá colocá-los numa situação de quase empate.Apesar disso tudo, ainda considero Lula o favorito. Para que ele vença, entretanto, será necessário que o partido e os principais colaboradores do presidente se abstenham de mais uma vez meter os pés pelas mãos, o que está se tornando uma especialidade petista. Decididamente, trata-se de um partido dialético, que já traz em si sua própria oposição.
Voltando a Lula, em princípio ele não teria grande dificuldade para colher entre os quase 10 milhões de eleitores de candidatos menores o 1,3 milhão de votos de que necessita para alcançar a maioria das preferências. Precisa também, evidentemente, conservar os votos que já teve. Aqui podem surgir obstáculos às suas pretensões. Ao que tudo indica, São Paulo e outros Estados do eixo Sul-Sudeste-Centro-Oeste atravessaram uma onda tucana nas 48 horas que antecederam o pleito.
Um bom indicativo dessa hipótese é o fato de Eduardo Suplicy, que, nas pesquisas reinava absoluto nas intenções de voto para o Senado na cadeira paulista, ter vencido por uma diferença muito menor do que a inicialmente estimada. Lula precisa torcer para que esse movimento não se aprofunde nem se espalhe.
Outra fonte potencial de dificuldades são as investigações sobre a origem do dinheiro que compraria o dossiê. A PF já enrolou o quanto pôde na divulgação dos sacadores. Mais cedo ou mais tarde terá de revelar seus nomes, que poderão trazer novos dissabores à candidatura oficial. O presidente conta, a seu favor, com o fato de já ter suportado denúncias bem mais graves. Muitos analistas estão dizendo que o tempo agora atua contra Lula. Não ousaria desmenti-los, mas não excluo a possibilidade de os mesmos anticorpos que protegeram o presidente de tantos e tamanhos escândalos voltem a atuar, fagocitando as novas acusações. Na hipótese de o "dossiegate" esfriar, não há em princípio razão para que Lula não reconquiste o terreno perdido, da mesma forma que se recuperou da crise provocada pelo mensalão.
A situação de Alckmin, que hoje parece muito boa, não necessariamente continuará assim. Em termos de produto, ele é bem menos carismático que o adversário _e não há nada que se possa fazer a respeito. O presidenciável tucano também poderá sofrer "fogo amigo". Digamos, para ser simpáticos, que algumas das principais lideranças tucanas sentem-se ambivalentes em relação a Alckmin. José Serra e Aécio Neves, que têm a força de governadores eleitos, em primeiro turno, dos dois Estados mais ricos da Federação, não ficariam exatamente decepcionados com uma derrota do companheiro de plumas. Na verdade, seria bem melhor para suas pretensões em 2010 ver Alckmin definitivamente escanteado.
A maior barreira para o projeto alckmista, entretanto, ainda é a eleitoral. Seu desempenho no Nordeste, que reúne 27% do eleitorado, é pífio e, ao que tudo indica, continuará assim. Por lá não passou nem sombra de onda tucana. Muito pelo contrário, as surpresas que houve foram favoráveis ao PT, como a eleição, em primeiro escrutínio, de Jaques Wagner para o governo da Bahia.Conferir o mapa da votação de Lula e de Alckmin é um interessante exercício sociológico. Acho que a divisão entre ricos e pobres, sulistas (Sul e Sudeste) e nortistas (Nordeste e Norte), instruídos e nem tanto jamais foi tão evidente.
Seria tentador atribuir a forte votação no petista, mesmo após tantos escândalos, à ignorância e à desinformação de seu eleitor. Mas tal análise não resiste aos fatos. Prova-o a constatação de que parlamentares envolvidos nas denúncias terem sido exemplarmente punidos nas urnas: 91% dos 67 deputados sanguessugas perderam os seus mandatos ou por não ter conseguido se reeleger, caso 43, ou por nem ter tentado, como se deu com 18 deles. Apenas seis obtiveram um novo mandato. E, dos três senadores metidos no escândalo, apenas um, Ney Suassuna (PMDB-PB), enfrentou a reeleição. E fracassou miseravelmente, mesmo tendo disputado no que se considera um dos grotões do país.Sorte semelhante experimentou o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE), que havia renunciado ao mandato para fugir do processo de cassação depois de ter sido apanhado num caso de extorsão. Severino não volta à Casa como havia planejado.
Com os mensaleiros, porém, o eleitor foi um pouco mais condescendente. Dos 11 que acabaram absolvidos pelo plenário da Câmara, cinco foram reeleitos, dois deles (João Paulo e José Mentor) por São Paulo, numa prova de que estar num dos principais pólos de riqueza e educação formal do país não significa muita coisa.Parece-me mais adequado analisar o fenômeno Lula como uma manifestação de pragmatismo. O eleitor, ainda que talvez não com detalhes, toma ciência dos descaminhos em que se metem seus representantes. O próprio Lula, convém lembrar, inicialmente sofreu impacto negativo por conta das denúncias de corrupção. Mas o cidadão que simpatiza com o presidente aparentemente colocou na balança as suspeitas e as realizações de seu governo e optou por desconsiderar o aspecto ético. É a versão tupiniquim de os fins justificam os meios.Resta saber se esse cálculo se manterá na nova fase da campanha ou se Geraldo Alckmin, pela sua incrível capacidade de manter-se inapelavelmente insosso, triunfará valendo-se dos erros do adversário.

Hélio Schwartsman, 41, é editorialista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas. E-mail: helio@folhasp.com.br

4 de out. de 2006

O Pinóquio do Planalto

Blog do Noblatb - 04/10/2006

Paulo Bernardo nega motivação política na liberação de R$ 1,5 bilhão de crédito extraordinário

De O Globo online

"O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto, que não teme os possíveis ataques que a oposição venha a fazer devido à edição de uma medida provisória que libera um crédito extraordinário de R$ 1,5 bilhão para pagamentos de dívidas dos ministérios e para investimentos em obras.

- Essa liberação não tem nada a ver com o momento político. As pessoas têm que entender que mesmo durante as eleições o governo tem que continuar trabalhando - disse Bernardo

Link para a reportagem completa no Globo Online

Série: Antes tarde do que nunca!

Folha Online - 04/10/2006

PF prende Luiz Estevão por desvio de recursos nas obras do TRT-SP

A Primeira Turma do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região determinou a prisão do ex-senador Luiz Estevão de Oliveira no processo que apura o desvio de R$ 169 milhões das obras do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo. A Polícia Federal informou que a prisão de Estevão foi efetuada nesta quarta-feira. Estevão é acusado de improbidade administrativa por alterar livros contábeis do Grupo OK para justificar o dinheiro superfaturado das obras do TRT.
Em maio, o TRF da 3ª Região condenou o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto a 26,5 anos de prisão pelos crimes de peculato, estelionato e corrupção passiva. Ele também foi condenado a pagar uma multa de R$ 1,2 milhão. Nicolau foi condenado no processo que apurou o desvio de R$ 169,5 milhões da obra do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo. Também foram condenados no mesmo processo o ex-senador Luiz Estevão de Oliveira e os empresários Fábio Monteiro de Barros e José Eduardo Ferraz, da construtora Incal. Luiz Estevão e Monteiro de Barros foram condenados a 31 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, peculato, estelionato, uso de documentos falsos e corrupção ativa. A multa fixada a Luiz Estevão foi de R$ 3,150 milhões. Para Monteiro de Barros, o TRF aplicou o pagamento de uma multa de R$ 2,7 milhões.
O tribunal condenou Ferraz a 27,8 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, peculato, estelionato, uso de documentos falsos e corrupção ativa e ao pagamento de uma multa de R$ 1,2 milhão.Todos foram condenados ao cumprimento de prisão em regime fechado. No caso de Nicolau, que já cumpre pena em regime de prisão domiciliar, nada deve ser alterado.

Zumbis

Pensata - Eliane Cantanhêde

A volta dos que não foram

A declaração de voto do governador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) em Geraldo Alckmin é emblemática do que vai acontecer neste segundo turno. Ou melhor, já está acontecendo: os tucanos e pefelistas que puxavam o saco de Lula, dando como líquida e certa a vitória em primeiro turno, estão de volta ao ninho.
Alcântara rompeu com o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que preferiu tirar o apoio à sua reeleição e despejar em Cid Gomes, do PSB, aliado de Lula e irmão do ex-ministro Ciro Gomes (um dos deputados mais bem votados do país). O governador ficou uma fera, e quem pagou o pato foi Alckmin. Numa cena de traição explícita, Lúcio Alcântara foi ao Planalto confraternizar com Lula no meio do primeiro turno. Perdeu a eleição para Cid e, agora, mal começou o segundo, já dá meia volta e declara voto em Alckmin. Durma-se com um barulho desses. Ou durma-se com uma política dessas...
A imprensa, sempre acusada de ser 'tucana', passou a campanha mostrando um Alckmin às traças, abandonado pelo PSDB, pelo PFL, pelos candidatos a governador, por gregos e troianos, sem vigor e sem chances. Não se passou um dia sem uma 'crise' na campanha, demonstrando fragilidade. Agora, pelo visto, estão todos de volta.O PFL, que chegou a anunciar o fim da velha aliança com o PSDB depois da eleição (lia-se: depois da derrota de Alckmin), agora é alckmista desde criancinha e para todo o sempre, amém. E reconhecendo que, sem os tucanos, a vida pode ficar muito dura. O partido perdeu Estados importantes, como a Bahia, está ameaçado em Pernambuco, disputa um surpreendente segundo turno no Maranhão e só levou um governo no primeiro turno: o do DF, com José Roberto Arruda.Sem poder (e sem cargos) nos Estados, o jeito é apoiar Alckmin e rezar para ele ganhar, para poder se pendurar no governo federal. Caso contrário, só sobra o Senado para os pefelistas reinarem. Ali, ele ficam com uma bancada de 18 senadores, a maior da Casa. E, pela tradição, cabe à maior bancada fazer o presidente.No PSDB, criou-se uma situação curiosa: foram meses de análises mostrando que Alckmin não estava com nada e enfatizando a força e as projeções de José Serra e Aécio Neves no cenário nacional, já que ambos estiveram na frente das pesquisas do início ao fim e acabaram mesmo se elegendo em primeiro turno em São Paulo e Minas. Esqueceram-se todos de combinar com o adversário --o adversário de Lula. Pois quem emerge forte da eleição, até pela surpresa, é Alckmin.Se ele ganhar, será que topa acabar com a reeleição? Duvide-o-dó. Depois de uma trajetória solitária no primeiro turno, agora ele não tem por que dar essa colher de chá aos companheiros tucanos. Vai fazer de tudo para ficar 8 anos. E Serra terá 72 anos em 2014.

A visão de Leonardo Boff sobre a eleição presidencial

Agencia Carta Maior - 04/10/2006

O que está em jogo na reeleição presidencial
Leonardo Boff

Quem derrotou Lula não foi Geraldo Alckmin mas o próprio partido do Presidente, o PT. O destemor insano de altos dirigentes petistas pôs a perder uma vitória garantida de Lula já no primeiro turno. O que pesou mesmo não foi tanto o escândalo do dossiê contra o candidato Serra, pois dossiês sempre existiram, fabricados por políticos afeitos à intimidação e ao manejo da mentira como arma política.
A ausência de Lula no debate final contou negativamente mas não foi o decisivo. O que destroçou o PT e atravancou o caminho da vitória foi a mostragem por todos os meios de comunicação da montanha de dinheiro para a compra do dossiê. Mais de 30% da população trabalhadora não ganha mais que um salário mínimo. Quando vê toda essa dinheirama se enche de auto-vergonha e pensa: meu trabalho não vale nada mesmo; nem que vivesse duas vidas acumularia tanto dinheiro quanto aquele mostrado aí. E esses corruptos tiraram de onde esse dinheiro? A indignação não tem tamanho. Políticos que usam esses expedientes mereceriam a excomunhão política e religiosa, tão grande é seu pecado contra o povo, sua dignidade e a economia popular.
Pode ocorrer um impasse jurídico, policial e institucional nas investigações do dossiê, especialmente se seu conteúdo for revelado, coisa que ainda não se fez e que pode eventualmente incriminar a gestão do PSDB quando começou a corrupção das ambulâncias. Mesmo assim o segundo turno traz também lá a suas vantagens: finalmente se criará a oportunidade de confrontar dois projetos de Brasil.
Geraldo Alckmin representa o velho projeto das classes dominantes. Não sem razão os banqueiros e os grandes industriais o apoiaram, pois sentem afinidade de classe e comunhão de propósitos: garantir políticas ricas para os ricos e pobres para os pobres. Notoriamente não possui carisma e não apresenta nada de realmente inovador, capaz de suscitar uma nova esperança. A retórica que usa é despistadora. Mas cabe à análise pôr à luz os interesses de classe ocultos. A macroeconomia que enfeudou a política, seguirá seu curso neoliberal deixando fatalmente anêmica a política social. Sua vitória representará o retorno daqueles que sempre construíram um Brasil para si, sem o povo ou contra o povo.Lula dá corpo a um projeto de mudança. Apesar dos constrangimentos encontrados num ambiente hegemonicamente neoliberal, tentou, com relativo sucesso, fazer a transição de um estado elitista e privatista para um estado republicano e social. Agora ele se vê obrigado a definir claramente seu projeto: dar a centralidade ao povo destituído, garantir seus meios de vida e sua inclusão cidadã. Para isso ele precisa se reaproximar de sua base real de sustentação: os movimentos sociais organizados e a imensidão dos excluidos. Esses poderão inviabilizar qualquer ameaça de impeachment. Tirar Lula é tirar nosso poder, dirão, é anular nossa vitória, é abortar nossa esperança.Para se diferenciar claramente de Alckmin, Lula deverá mexer em pontos importantes da macroeconomia para que ela seja de fato o sustentáculo de uma política social maciça. Deverá ter a coragem de colocar um gesto fundador de um novo Brasil: retomar o projeto de Plínio Arruda Sampaio, um dos que melhor entende de reforma agrária, e realizá-lo integralmente a fim de fixar o camponês no campo e desinchar as cidades favelizadas. Aí sim se consolidará seu governo, inaugurando a transformação social possível para o Brasil.
Leonardo Boff é teólogo e escritor.

Link para Agência Carta Maior

O Grã Circo Nacional apresenta:

ELIO GASPARI
Folha de São Paulo 04/10/2006

A marcha dos palhaços

Lula se candidatou ao lugar de coordenador da campanha eleitoral de Geraldo Alckmin

NA SEGUNDA-FEIRA, com aquelas olheiras que só a adversidade eleitoral produz, "nosso guia" se candidatou ao lugar de coordenador da campanha de Geraldo Alckmin à Presidência da República. Fez isso quando tratou do dossiê Vedoin e disse o seguinte: "Eu quero saber quem arquitetou essa obra de engenharia para atirar no próprio pé". Quer? Pergunte a Ricardo Berzoini e a Aloizio Mercadante. Eles podem ajudar.Ao tratar de um crime como curiosidade, Lula assumiu a condição de padrinho dos malfeitores petistas, aloprados e trambiqueiros. Padrinho no sentido da figura de Don Corleone/Marlon Brando.Não há nenhuma prova, indício ou pista de que haja bico tucano na construção do papelório. Há apenas um raciocínio lógico: se os tucanos foram favorecidos pelo episódio, há dedo deles na produção. Coisa assim: a invasão da Rússia por Hitler permitiu que Stálin consolidasse a sua tirania, donde, Hitler foi uma jogada de Stálin.Admita-se que o raciocínio de Lula está certo. No início de setembro, um tucano teve uma idéia: vamos pedir ao Vedoin que faça um dossiê contra o Serra, ele o vende ao PT, nós flagramos os compradores, fotografamos o ervanário e botamos o escândalo na imprensa. Um petista aloprado come a isca, compra-se o caso, acerta-se a publicação da denúncia, combina-se o pagamento e vai-se a um hotel buscar mais uns docinhos. Nisso reserva-se R$ 1,7 milhão, em grana viva, para os chantagistas.Se isso fosse verdade, o presidente de honra do PT teria razão ao chiar. O da República não é pago para tumultuar inquéritos. Os petistas que negociaram com um delinqüente cometeram uma contravenção ao trocar denúncia por dinheiro e um crime e ao remunerar bandidos. Transgrediram as leis da República. Respeitaram apenas a regra do silêncio de Don Corleone.Diante de um crime, o presidente da República não pode agir como advogado de porta de xadrez. (Será que em 1954 os capangas de Gregório Fortunato foram pagos por Carlos Lacerda para atirar no major Rubens Vaz?)Em São Paulo e no Rio, houve zonas eleitorais onde madames grisalhas, elegantes e gentis distribuíam narizes de palhaço. (Senhoras parecidas com aquelas que fizeram a Marcha da Família em 1964.) O sujeito ganhava uma bolinha vermelha e ia para a seção eleitoral. No comércio, a bolota de plástico custa R$ 2,50 e a de esponja sai por R$ 3, crime eleitoral explícito, mas isso fica para depois. Contra quem esse feliz palhaço protesta? Paulo Maluf? João Paulo Cunha? Clodovil? Lula?O calor que o senador Eduardo Suplicy tomou de Guilherme Afif Domingos mostra que se quebrou a associação da decência ao PT. Se são todos iguais, Lula é igual a Maluf e Fernando Collor. Exagero? Ouça-se Maluf: "Tenho plena consciência de que o presidente Lula é um homem limpo e correto". E Lula: "Collor poderá, se quiser, fazer um trabalho excepcional no Senado".Lula e o PT associaram-se a práticas indecentes. Fizeram isso porque quiseram. A mistura custou o resultado de domingo.A Justiça Eleitoral precisa estar cega para permitir a distribuição de prendas na área onde é proibido repassar santinhos de candidatos. Mesmo assim, o palhaço sempre poderá votar com um nariz que trouxe de casa. Ou Lula pára de dizer monstruosidades ou verá a marcha dos palhaços.

Charge do Dia - Jean


Folha de São Paulo - 03/10/2006

Eles se merecem

O Globo - 03/10/2006
Apoio de Rosinha e Garotinho a Alckmin abre crise no Rio
O ex-governador Anthony Garotinho e a governadora Rosinha anunciaram apoio à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), rachando ao meio o PMDB do Rio e abrindo crise na campanha no estado. O candidato do PMDB a governador, Sérgio Cabral, formalizou adesão à reeleição de Lula, que virá ao Rio amanhã para ato de apoio mútuo. Lula recebeu, no Palácio da Alvorada, o candidato derrotado Marcelo Crivella (PRB).
O prefeito Cesar Maia (PFL) criticou a aproximação de Alckmin com Garotinho que para ele, "pode ser virótica". "A fotografia com Garotinho desmonta o discurso ético de Alckmin", disse o prefeito, que considera a decisão de aceitar o apoio um "tiro na cabeça". Alckmin disse que apoio se agradece. "Não nos foi solicitado nada que não fosse compromisso com o Brasil." Cesar disse ainda que terá de rever a estratégia de campanha da candidatura Denise Frossard (PPS) para o segundo turno. (pág. 1, 3 a 10, Merval Pereira e editorial "Discurso punido")

Link para Sinposes - Agência Brasil - Radiobrás
 
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