Fragmentos: Dentro da noite veloz - Ferreira Gullar

A vida muda como a cor dos frutos lentamente e para sempre. A vida muda como a flor em fruto velozmente.
A vida muda como a água em folhas o sonho em luz elétrica a rosa desembrulha do carbono o pássaro da boca mas quando for tempo.
E é tempo todo o tempo mas não basta um século para fazer a pétala que um só minuto faz ou não mas a vida muda a vida muda o morto em multidão.


28 de set. de 2006

Charge da Noite - Angeli

O Homem da Mala


Ex-assessor de Mercadante entregou dinheiro, diz PF

Polícia conclui que Hamilton Lacerda levou mala para pagar por dossiê

Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha da Silva foram presos com R$ 1,168 mi e US$ 248,8 mil no dia 14, em São Paulo

Hamilton Lacerda, então coordenador da campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, foi quem entregou a mala com dinheiro ao advogado Gedimar Pereira Passos e ao empresário Valdebran Padilha da Silva, no hotel Ibis em São Paulo, no dia 14, segundo informação da PF.Gedimar e Valdebran foram presos pela PF com R$ 1,168 milhão e US$ 248,8 mil. O dinheiro, cuja origem a PF ainda investiga, seria usado para comprar um dossiê contra tucanos montado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas.Após analisar os CDs com a gravação de imagens que registram movimento de pessoas no hotel, a PF concluiu que Lacerda foi quem entregou o dinheiro a Gedimar e Valdebran. Contudo a PF informou que a confirmação oficial, necessária para conclusão do inquérito, será feita por meio de perícia.Desde o início da semana, a PF fazia a análise das imagens e ontem concluiu que Lacerda aparece na gravação entregando o dinheiro. Foram estudados vários CDs gravados no hotel no dia 14.Nesse dia, por telefone, Valdebran negociava com Vedoin, que estava em Cuiabá, a venda do dossiê contra os tucanos José Serra, adversário de Mercadante nas eleições em São Paulo, e Geraldo Alckmin, candidato a presidente. O material era composto por fotos, CD e fita de vídeo mostrando Serra e Alckmin em eventos de entrega de ambulâncias da máfia dos sanguessugas.O delegado Diógenes Curado Filho, que preside as investigações, deve ouvir Lacerda ainda hoje em São Paulo, segundo apurou a reportagem. O procurador da República em Cuiabá Mário Lúcio Avelar deve acompanhar o depoimento.Lacerda deixou a campanha de Mercadante após o caso.Na sexta-feira passada, em depoimento à PF em Brasília, Jorge Lorenzetti, ex-assessor da campanha e amigo do presidente Lula, disse que o dossiê seria entregue a Lacerda.Cinco dias após as prisões de Gedimar e Valdebran, Lacerda deixou o cargo, pois foi citado pela revista "IstoÉ" como intermediador da entrevista em que os Vedoin acusam José Serra de envolvimento na máfia dos sanguessugas.Conforme Gedimar em seu primeiro depoimento à Polícia Federal, o dinheiro seria usado para pagar o dossiê e uma entrevista à imprensa.Até ontem, o procurador Avelar focava a investigação em outros quatro petistas, deixando de lado Lacerda.Além de pedir novamente a prisão de Gedimar e Valdebran, Avelar queria que fossem presos Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil, Oswaldo Bargas, que trabalhava na campanha de Lula, Lorenzetti e Freud Godoy, assessor da Presidência da República até o início do escândalo.A Justiça decretou a prisão, mas, devido à legislação eleitoral, que proíbe prisões cinco dias antes das eleições, a PF só poderá efetuá-las a partir da próxima quarta-feira.

Link para a Folha de são Paulo

Corrupção Eleitoral


Palocci é investigado por suposto abuso de poder econômico no TRE
Ex-ministro é suspeito de oferecer um churrasco para mais de 200 pessoas


O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho, candidato a deputado federal pelo PT, está sendo investigado pela Justiça Eleitoral por suposto abuso de poder econômico.Com uma das mais caras campanhas de São Paulo, ele é suspeito de oferecer um churrasco para mais de 200 pessoas em evento em Cedral, na região de São José do Rio Preto, no dia 14. Ônibus e vans foram fretados para transporte de eleitores de cidades vizinhas.Se comprovada, a ação pode ser considerada como compra de votos, passível a perda de mandato em caso de eleição, conforme legislação (lei 9.540).
O evento só ficou conhecido pelo juiz eleitoral Paulo Marcos Vieira após a divulgação de uma reportagem do jornal "Bom Dia", que infiltrou, como convidados, uma repórter e um repórter-fotográfico. De acordo com Vieira, a Presidência do Tribunal Regional Eleitoral foi comunicada do ocorrido, que pediu para que o fato fosse relatado por escrito. O ofício (79/2006), cópias das reportagens para apuração, foi encaminhado anteontem. O TRE informou ainda não ter recebido o documento enviado pelo juiz e ainda vai analisar quais medidas serão tomadas.
Na opinião do juiz, a reunião política deveria ter sido informada à Justiça Eleitoral. "Faz uma reunião, sem comunicar, já tem uma suspeição. Se tem churrasco, bebida, tem gasto. Com certeza, não é contabilizado. Se não é contabilizado, aí o que existiu? Aquilo que chamam de caixa 2", afirmou. O presidente do PT de São José do Rio Preto, AiltonBertoni, 44, disse que a reunião não foi comunicada à Justiça por se tratar de uma reunião interna do partido. "Isso é perseguição ao ex-ministro".Segundo a repórter Cláudia Russo, que esteve no evento, parte dos convidados eram pessoas humildes e algumas nem sabiam quem era Palocci.A assessoria de imprensa do ex-ministro informou que ele não patrocinou o churrasco -apenas aceitou o convite.

Charge do dia - Glauco


Folha de São Paulo - 28/09/2006

26 de set. de 2006

Cego, surdo e mudo!

Folha de São Paulo - 26/09/2006

Gustavo Ioschpe

Lula sabia?

A PERGUNTA QUE circula, nesses dias em que nos deparamos com mais um típico escândalo oriundo do método lulo-petista de governar é: Lula sabia? Acho que sim, assim como creio que pouco importa, e me explico. Acredito que Lula sabia por uma série de motivos.
Primeiro, porque Wagner Cinchetto admitiu ter participado do grupo de formação de dossiês contra adversários na campanha de Lula de 2002, dizendo explicitamente sobre o conhecimento do candidato: "não só tinha conhecimento como autorizou que o grupo fosse criado".
Segundo, porque todos os envolvidos na operação sabiam que seu malogro teria conseqüências dramáticas para a campanha de Lula, e duvido que se atrevessem a entrar nesse risco sem que a maior vítima em potencial estivesse de acordo.
Terceiro, pelas pessoas envolvidas. Os envolvidos na chefia da operação têm ligação direta com Lula: Berzoini foi seu ministro e era chefe da sua campanha, Lorenzetti era seu amigo e churrasqueiro, Freud Godoy era uma espécie de faz-tudo há anos. Difícil de imaginar que pessoas com esse nível de acesso tenha empreendido uma ação desse porte sem ao menos avisar o presidente-candidato.
Quarto, porque se encaixa no método petista de achincalhar opositores. A campanha "Fora, FHC", o caso Eduardo Jorge, os cartazes associando Jorge Bornhausen a Hitler, a campanha contra Paulinho nas eleições de 2002 e agora esse dossiê: há um método.
É possível desconhecer o trabalho de subalternos na primeira vez. Mas quando ocorre uma segunda, há que se imaginar que há a conivência das lideranças da organização. Tudo isso, porém, são conjecturas amparadas na lógica e nos fatos. Certamente, lulistas de carteirinha hão de usar outra lógica e outros fatos para chegar a conclusões distintas. Portanto, é uma discussão que importa pouco. O fundamental é: ele tinha de saber. Assim como no direito vale a máxima de que ignorantia juris non excusat -o desconhecimento da lei não é desculpa para inocentar o criminoso- em qualquer organização vale o princípio de que o desconhecimento do chefe não o desculpa dos erros dos subalternos. Lula é culpado pelo dossiê porque escolheu Berzoini para ser seu chefe de campanha. Ponto. E assim tem de ser, especialmente quando se trata da Presidência, porque senão todo governante diria a seus subordinados: "façam todas as loucuras que vocês acharem importantes para o meu mandato, mas não me contem".
Se um presidente pudesse se eximir da responsabilidade dessa maneira, não só teríamos dossiês e mensalões, como talvez coisa muito mais séria. Se o presidente é inimputável pela ação de seus subordinados, talvez tenhamos amanhã o Exército invadindo a Argentina ou testando uma bomba atômica, a Fazenda atrelando o real ao dólar e a Polícia Federal abrindo as fronteiras. Enfim, ou os chefes têm responsabilidade sobre a ação de seus subordinados ou não são chefes.

GUSTAVO IOSCHPE é mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade Yale (EUA)

25 de set. de 2006

Vampiros

Procurador denuncia Costa e Delúbio por envolvimento na máfia dos vampiros
GABRIELA GUERREIRO da Folha Online, em Brasília

O procurador da República no Distrito Federal, Gustavo Pessanha, decidiu nesta segunda-feira denunciar à Justiça o ex-ministro da Saúde e candidato ao governo de Pernambuco, Humberto Costa (PT), e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares por corrupção e formação de quadrilha na máfia dos vampiros.
A Polícia Federal já havia indiciado Costa, Delúbio e outros 40 envolvidos no esquema. O relatório da PF foi entregue ao Ministério Público em 15 de agosto. O documento da Polícia Federal indicia os suspeitos sob acusação de praticar fraude a licitações, crimes contra a ordem econômica, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, tráfico de influência e formação de quadrilha, entre outros delitos, no âmbito da Saúde.
Hoje, o procurador protocolou a denúncia na 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília. No total, Pessanha decidiu denunciar 33 envolvidos no esquema.A Operação Vampiro investigou o envolvimento de empresários e funcionários do Ministério da Saúde na compra superfaturada de medicamentos que atuam no processo de coagulação do sangue, os hemoderivados.Aliados de Costa temem o impacto negativo da denúncia na campanha do petista.

Link para reportagem: Folha Online

Do Blog do Claudio Humberto

Conta no Rio seria da máfia do combustível

Empresa denunciada na finada CPI dos Combustíveis em 2003 por corrupção, furto de combustível e sonegação de impostos é a pista mais concreta da conta em Duque de Caxias (RJ) onde teria sido depositada parte dos R$1,1 milhão do suposto dossiê petista. A distribuidora, que trocou de nomes várias vezes, opera com a bandeira BR no estado e seria de empresário que teve uma empresa de consultoria na zona oeste do Rio, lobista com livre trânsito no Executivo e no Congresso e forte vínculo com poderoso ex-dirigente. O esquema, apurado na CPI, funcionava com arrendamento e licenças irregulares, fraude no ICMS e roubo de gasolina, com apoio de dois funcionários da Petrobras, na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), onde a Polícia Federal descobriu uma das contas da gangue do dossiê. Um deputado federal petista do Rio apareceu em gravações autorizadas pela justiça durante a investigação do Ministério Público, ainda em curso. A CPI não indiciou ninguém. Para não ser identificada, a empresa tem uma offshore no Uruguai, a American Petros

Dinheiro de empresários

Valor Econômico - 25/09/2006
PF deve apontar origem legal para dinheiro


Mauro Zanatta e Cristiano Romero

A Polícia Federal deve tornar pública, entre hoje e amanhã, a origem dos R$ 1,7 milhão que seriam usados por petistas para comprar dossiê contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Um assessor informou ontem que os policiais já teriam descoberto que a origem dos recursos é "legal", embora o seu uso possa ser considerado "imoral".
Antonio Gauderio/folha imagem Valdebran Padilha: Petista preso é suspeito de ter arrecadado mais de R$ 2 milhões
O dinheiro teria sido oferecido a integrantes da campanha do PT por empresários, cujo objetivo, de acordo com essa fonte, era se aproximar dos operadores do partido na reta final da campanha eleitoral - o objetivo do dossiê, montado pelos empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, da máfia dos sanguessugas, era atingir a imagem de Serra, beneficiando o candidato do PT ao governo paulista, Aloízio Mercadante, além de desgastar Geraldo Alckmin, candidato tucano à Presidência.
Uma fonte do governo assegurou que, além do caminho do dinheiro, a PF deve divulgar os nomes dos empresários que fizeram a "doação" dos recursos. O dinheiro apreendido - 1,168 milhão em reais e 248,8 mil em dólares americanos - durante a prisão do petista Valdebran Padilha e do advogado Gedimar Passos, ambos ligados à campanha do presidente Lula à reeleição, foi sacado em três agências do Bradesco e uma do BankBoston.
No caso dos dólares, apreendidos em maços com cintas do "Bureau of Engraving and Printing", a casa da moeda americana, o que levou à desconfiança de que teriam entrado ilegalmente no país, a informação é de que o dinheiro já estava no Brasil e integrava "reservas de valor" dos empresários, para eventuais despesas de emergência.
Nos últimos dias, a PF, segundo fonte do governo, já teria ouvido gerentes e funcionários dos bancos de onde foram sacados os reais. De acordo com um assessor, a PF também teria concluído que houve o "desaparecimento" de cerca de R$ 1 milhão do esquema do dossiê. De acordo com um assessor, os petistas teriam arrecadado dois milhões em reais e os 248,8 mil em dólares, mas, como a família Vedoin teria pedido R$ 1 milhão pelo dossiê e foram apreendidos R$ 1,168 milhão, uma parte dos recursos ainda pode estar em poder dos envolvidos no escândalo.
A Polícia Federal vem sendo criticada pela demora em investigar e revelar a origem do dinheiro. Por trás disso, estaria o interesse do governo em não revelar atos que afetem a imagem do presidente Lula a poucos dias da eleição. No fim de semana, a polícia, em nota oficial, assegurou que está agindo de forma independente. "A PF, como em outras operações, cumpriu sua missão sem visar cores partidárias. Qualquer critica à ação exitosa da PF é resultado do momento político eleitoral", diz a nota.
O procurador Mário Lúcio Avelar, encarregado no Ministério Público pelo acompanhamento do caso, está intrigado com o fato de o Coaf e o Banco Central não estarem ajudando nas investigações. Por isso, decidiu fazer petição ao juiz Marcos Tavares, da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, para ordenar que os dois órgãos rastreiem o dinheiro do dossiê. Pela legislação vigente, toda movimentação superior a R$ 100 mil deve ser notificada pelos bancos ao Coaf, a quem cabe investigar se o dinheiro tem origem escusa ou não.

A Ira de Khan


Lula responsabiliza Berzoini por contratar envolvidos com dossiê

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou nesta segunda-feira o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), pela contratação dos envolvidos na compra de um dossiê contra os tucanos.
Em entrevista às rádios Tupi Rio, Tupi São Paulo e Capital, na manhã desta segunda-feira, Lula chamou os petistas que participaram da operação de "bando de aloprados", mas insistiu que é preciso investigar também o conteúdo do dossiê.
DE OLHO NA OPOSIÇÃO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma agenda política e econômica para enfrentar uma eventual crise de governabilidade caso seja reeleito. Ele avalia que a tentativa de compra de dossiê contra o PSDB dinamitou pontes com a oposição que estava reconstruindo, além de ter aumentado dúvidas do mercado e da imprensa sobre sua gestão em um eventual segundo mandato.Leia mais
"A vida humana é assim. Você escolhe um companheiro para determinada função... quem escolheu (a equipe) foi o presidente do partido (Berzoini), que era o coordenador da campanha eleitoral", disse Lula. A entrevista não estava agendada previamente.
O presidente reiterou que não se sente responsável pela escolha dos seus assessores de campanha. "Não admito que errei na escolha dos meus pares", completou Lula.
Ele declarou que, assim como a oposição, também quer saber a origem do dinheiro para a compra do dossiê.
"Eu quero saber não apenas de onde veio o dinheiro. Eu quero saber quem foi que mudou a engenharia política para essa barbárie que foi feita. Eu quero saber quem foi o engenheiro que arquitetou uma loucura dessas", afirmou Lula.

O Chefe dos Aloprados


Folha Online - 25/09/2006
Lula diz que envolvidos na compra de dossiê são um "bando de aloprados"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que os envolvidos na compra de um suposto dossiê contra o ex-ministro José Serra são um "bando de aloprados". Lula deu uma entrevista para três rádios populares de São Paulo e do Rio de Janeiro. A entrevista não constava da agenda de Lula de presidente nem de candidato.
Na entrevista, Lula disse ainda que o responsável pela escolha da equipe de campanha é o presidente do PT, Ricardo Berzoini. Após a crise deflagrada pela tentativa de compra do suposto dossiê, Berzoini foi afastado da coordenação da campanha à reeleição de Lula. Ele foi substituído por Marco Aurélio Garcia.Lula afirmou ainda que quer saber a origem do dinheiro --R$ 1,7 milhão-- que supostamente seria usado na compra do dossiê antitucano. O dinheiro foi apreendido num quarto de hotel com o empreiteiro Valdebran Padilha e com o então funcionário do comitê de campanha de Lula Gedimar Pereira Passos. Ele disse que também quer saber quem armou todo o esquema e qual é o conteúdo do dossiê.

Charge do dia - Angeli


Folha de São Paulo - 25/09/2006

Enquanto isso, na Cãmara dos Deputados...

Correio Brazilense 25/09/2006
Câmara mantém 31 privilegiados

Adjuntos parlamentares, categoria criada no último ano do regime militar, são cedidos para gabinetes de deputados nos estados, sem qualquer custo para os parlamentares. Quem paga a conta é o cidadão
Além de milhares de secretários parlamentares e de centenas de cargos de natureza especial (CNEs), a Câmara ainda mantém uma categoria muito especial de servidores: os adjuntos parlamentares. Criada em 1984, último ano da ditadura militar, a categoria funcional tinha lotação correspondente ao número total de deputados. Com o tempo, foi sendo gradativamente extinta, mas ainda restam 31 integrantes.
Eles estão lotados em gabinetes de deputados, boa parte deles atuando nos estados de origem dos deputados, uma situação funcional que não estava prevista na resolução 102/84 da Câmara. Concursado da Câmara dos Deputados há 26 anos, o adjunto parlamentar João Geraldo Araújo está lotado no gabinete do mineiro Cabo Júlio (PMDB) desde o seu primeiro mandato, em 1999. A função do assessor, que fica no escritório político localizado no Barro Preto, em Belo Horizonte, é encaminhar as pessoas que procuram o deputado solicitando internações e consultas médicas através do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com Cabo Júlio, Araújo trabalhava anteriormente na capital mineira para outro deputado, que não se reelegeu. “Ele então se apresentou a mim pedindo para ficar em Belo Horizonte. Eu consultei o regimento da Câmara e vi que cada deputado pode ter um assessor entre os concursados da Casa”, justificou o parlamentar. Segundo ele, o funcionário não representa qualquer custo para sua folha de pessoal, já que é pago pela Câmara. Por não trabalhar em Brasília, o deputado assegura que o salário de seu assessor é 45% menor. Procurado pela reportagem no local de trabalho, João Geraldo se negou a dar entrevistas e ainda foi muito agressivo com a equipe. “Não sou fantasma. Se estou aqui hoje é porque o regimento permite”, afirmou, aos berros. “Não vai ter entrevista. Peguem o regimento interno da Câmara para ler”, limitou-se a dizer. Há pouco mais de um mês, o Correio revelou que 600 CNEs estão desviados de função, cedidos para gabinetes de deputados, lideranças dos partidos e cargos da Mesa Diretora. Os salários desses servidores chegam a R$ 8 mil. Um mês após a publicação da reportagem, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), anunciou que seriam extintos cerca de 1,2 mil do total de 2,7 mil CNEs existentes. Em seguida, informou que serão extintos 1,5 mil cargos.

24 de set. de 2006

Ministério Público quer rastrear dinheiro do PT

Blog do Josias de Souza -24/09/2006

Dossiêgate: MP aciona judicialmente Coaf e BC

O juiz Marcos Tavares, da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, recebe nesta segunda-feira uma petição do Ministério Público Federal relacionada ao dossiêgate. Pede-se ao juiz que ordene a dois órgãos públicos – o Coaf e o Banco Central — o rastreamento do dinheiro que o PT usaria para comprar um dossiê contra os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin.

O dinheiro foi apreendido pela Polícia Federal no dia 15 de setembro. Estava com dois petistas presos no instante em que negociavam o dossiê no Hotel Íbis, em São Paulo: o empreiteiro e lobista Valdebran Padilha, que falava em nome da família Vedoin, comandante da gang dos sanguessugas, e Gedimar Passos, encarregado de fazer o pagamento. Retiveram-se R$ 1,168 milhão e US$ 248 mil. O que dá algo em torno de R$ 1,7 milhão.

Por trás da requisição do Ministério Público há uma suspeita não explicitada publicamente: o receio de que o governo esteja retardando a investigação sobre a origem do dinheiro para evitar constrangimentos à campanha reeleitoral de Lula. Estranha-se, sobretudo, o silêncio do Coaf, órgão do Ministério da Fazenda incumbido de rastrear toda e qualquer movimentação financeira acima de R$ 100 mil.

O blog apurou que, na última terça-feira, o procurador Mario Lúcio Avelar, que acompanha o caso pelo Ministério Público, conversou com o delegado Diógenes Curado Filho, escalado pela Polícia Federal para presidir o inquérito do dossiêgate. Avelar perguntou a Curado Filho sobre as providências adotadas para refazer a trilha do dinheiro. O delegado informou que o assunto estava encaminhado. Mas nenhuma informação havia aportado no processo até a noite de segunda-feira.

O fato contrasta com a impressão de agilidade que a Polícia Federal empenhou-se em difundir ao longo da semana. Vendera-se a idéia de que o rastreamento da dinheirama seria feito em tempo recorde. Informou-se, primeiro, que já haviam sido detectadas as casas bancárias de cujos guichês os reais teriam sido sacados: Bradesco, Safra e BankBoston. Divulgou-se depois, a suposta localização das agências: ficariam em São Paulo, nos bairros Barra Funda e Lapa; e no Rio, em Duque de Caxias.

Súbito, no meio da semana, a Polícia Federal deslocou de Mato Grosso para Brasília a parte da investigação relacionada ao dinheiro. Incumbiu-se da tarefa o delegado Luiz Flávio Zampronha, mais próximo do diretor-geral da PF, Paulo Lacerda. Zampronha é o delegado que atuou no caso do mensalão.

Na sexta-feira, o procurador Mario Lúcio e o delegado Diógenes Filho encontraram-se em Brasília. Foram ouvir depoimentos de petistas enredados na operação de compra do dossiê. Incomodado com a demora no rastreamento do dinheiro, o procurador revelou a intenção de recorrer à Justiça para mover as engrenagens do Coaf e do BC. O delegado assentiu.

A petição foi redigida no mesmo dia. Diógenes Filho ficou de encaminhá-la a Marcos Tavares, o juiz matogrossense, nesta segunda-feira. Em conversa com um amigo, Mário Lúcio disse que estará atento ao setor de protocolo da 1ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso. Caso o documento que redigiu não dê entrada, como combinado, ele tomará sozinho a iniciativa

Link para o Blog do Josias de Souza.

Teoria da Conspiração

Agência Carta Maior - 24/09/2006
"Há uma tentativa de golpe, irresponsável e oportunista", diz Tarso Genro

Em entrevista exclusiva à Carta Maior, o ministro da Articulação Política do Governo Lula diz que está em curso uma tentativa de golpe, irresponsável e oportunista. "É uma aventura da elite brasileira", denuncia. Tarso Genro também defende a necessidade de refundação do PT e a punição dos envolvidos no caso da tentativa de compra do dossiê.
Bernardo Kucinski - Carta Maior
“Há uma tentativa de golpe, irresponsável e oportunista . A direita reconheceu sua derrota e está criando as condições para golpear ou a diplomação, pela via judiciária, ou gerar um grau de instabilidade tal no segundo governo que impossibilite a governabilidade. É uma aventura da elite brasileira...”“O que acaba de acontecer com o PT é mais um elemento demonstrativo de que a refundação é radicalmente necessária.”“ Trata- se, no contexto dessa nova cultura política, de reorganizar o programa democrático e socialista no sentido de que ele seja mais contemporâneo, trata-se de compreender de uma maneira mais transparente e mais aberta o significado de uma nova política de alianças, contra a globalização tutelada pelo capital financeiro e na defesa de um projeto nacional...”“ Se o segundo mandato for mais do mesmo, será um governo fracassado. Num segundo governo Lula não podemos ter crescimento econômico inferior a 5% ao ano, não pode deixar de aprofundar a idéia de um projeto nacional não pode deixar de acelerar o processo de distribuição de renda, e não pode deixar de estimular o controle social do Estado de fora para dentro, para que o Estado possa ser efetivamente democratizado...”“ A receita que Palocci oferece (na sua carta programa) deve ser completamente descartada, ela não pode ser aceita, porque significa uma regressão à estabilidade como valor absoluto e não à sua combinação com o crescimento econômico e com distribuição de renda” .

Link para reportagem completa: Agência Carta Maior

A sacolinha do PSB em Pernambuco

O Estado de São Paulo - 24/09/2006

Presidente do PSB em PE se afasta do cargo após denúncias

Milton Coelho, candidato a deputado estadual por Pernambuco, é acusado de articulação de um suposto esquema de desvio de recursos públicos no valor de R$ 1 milhão para financiamento da sua campanha
O presidente regional do PSB pernambucano e membro da direção nacional do partido, Milton Coelho, pediu afastamento do cargo, na noite de sábado, após denúncia de seu envolvimento na tentativa de articulação de um suposto esquema de desvio de recursos públicos no valor de R$ 1 milhão para financiamento da sua campanha.
A denúncia foi feita pelo ex-militante estudantil Paulo Batista da Silva, de 25 anos, que prometeu entregar nesta segunda-feira, 25, nos Ministérios Públicos Federal e Eleitoral do Estado, gravações de conversas suas com Milton Coelho e com a mulher, dele, Simone Coelho. As fitas revelariam a intenção de recebimento de propina em troca de gestão do PSB para aprovação, junto a Petrobrás, de um projeto da empresa paulista Conceito Consultoria em Eventos Ltda., de instalação de uma pista de kart no gelo durante o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Orçado inicialmente em R$ 4,5 milhões, o projeto seria superfaturado para R$ 5,5 milhões.
De acordo com Batista, que representa a empresa, o projeto já havia sido apresentado à Petrobrás, que não demonstrou interesse. Orientado a buscar apoio político ao projeto, procurou o PSB pernambucano, em julho, através de um amigo ligado à legenda, que o apresentou a integrantes do partido. Depois dos primeiros contatos, disse ter passado a gravar as conversas, ao perceber que os socialistas queriam dinheiro para a campanha.

Do Blog do Josias de Souza

Lula compara-se a Jesus e diz que leva no 1º turno

"Eu nunca falei que iria ganhar a eleição no primeiro turno. Por modéstia, eu nunca falei. Nunca falei por respeito. Mas quero dizer para vocês: nós vamos vencer essas eleições domingo", disse Lula, em comício realizado neste domingo em Sorocaba (SP). "Se alguém achar que a eleição presidencial vai para o segundo turno, vai ter que esperar para concorrer em 2010. Porque esta eleição nós matamos no dia 1º de outubro."

Discursando para cerca de 4.000 pessoas, o presidente afirmou que "dia 1º de outubro é dia da onça beber água”. E disse estar sequioso: “Essa oncinha está com sede." Desdenhou das denúncias que assediam o PT e o Planalto: "Podem fazer denúncia. Façam o que quiser. Não tem problema. Nós vamos ganhar com a cara limpa."Neste ponto, meteu Jesus no meio da contenda. Só para realçar que o erro de discípulos não desmerece a obra do mestre. "A gente poderia pegar a história e iríamos perceber que, numa mesa de 12, um traiu Jesus Cristo." Noves fora Pedro, que o negou três vezes, Jesus, de fato, só teve um traidor. Mas a comparação de Lula soa, digamos, imprópria.

Primeiro porque o filho de Deus, onipresente como o Pai, a tudo via e de tudo sabia. Segundo porque, na santa ceia petista, a quantidade de Judas é bem maior. Aos 40 da denúncia do procurador Antonio Fernando de Souza veio somar-se a meia dúzia de compradores de dossiê. Terceiro porque a traição dos dias que correm vem custando bem mais do que trinta dinheiros.

Lula faz bem em esgrimir otimismo. É esse o papel de um candidato quando fala aos seus eleitores. De resto, apesar dos pesares, ele vai conseguindo, por ora, caminhar sobre o mar de denúncias com desenvoltura divina. Mas o favoritismo de ontem, vigoroso e acachapante, já não é tão vistoso. E a vitória, se vier, pode converter-se num triunfo de Pirro. O eventual segundo mandato avizinha-se como uma quadra de questionamentos e turbulências.

Link para o Blog do Josias de Souza

Tucanos na mira da PF

Folha de São Paulo - 24/09/2006
PF vai investigar gestão tucana na pasta da Saúde

Suspeita é que empresário tenha participado da liberação de emendas na gestão de Barjas

PF avalia que Abel Pereira pode ter negociado com os Vedoin a compra do dossiê que acusa tucanos de atuar na máfia dos sanguessugas


A Polícia Federal vai abrir um inquérito específico para apurar suspeitas de que o empresário Abel Pereira teria participado de um esquema ilegal de liberação de emendas no Ministério da Saúde na gestão do tucano Barjas Negri, sucessor de José Serra na pasta.
As emendas teriam beneficiado o grupo Planam, principal empresa da máfia dos sanguessugas. Em entrevista à revista "IstoÉ", duas semanas atrás, Luiz Antonio Vedoin (dono da Planam) disse que Abel era o responsável por liberar as emendas que favoreciam a quadrilha na gestão Negri, apesar de oficialmente não ter vínculo com a pasta. O ex-ministro nega envolvimento com os sanguessugas e afirma não conhecer os donos da Planam.Abel é empresário do município de Piracicaba (SP), da qual Negri hoje é prefeito.
O nome de Abel voltou ao escândalo após reportagens publicadas pela Folha, na semana passada, sobre os contatos que o empresário manteve recentemente com Vedoin. No dia em que a quadrilha fechou a venda para petistas de um dossiê contra Serra, Abel tentou pelo menos três vezes falar com Vedoin por telefone, chegando a deixar recados com um ex-cunhado do dono da Planam. No final do mês passado, Abel esteve hospedado por cerca de dez dias num hotel em Cuiabá.A PF avalia que Abel possa também ter negociado com Vedoin a compra do dossiê.
Na quinta-feira, quando prestou novo depoimento à PF, em Cuiabá, Vedoin entregou uma planilha com nomes das prefeituras que teriam tido emendas individuais ao Orçamento da União "pagas através de acerto com Abel Pereira".Ou seja, verbas para compra de ambulâncias teriam sido liberadas pelo Ministério da Saúde em 2002 graças a pagamento de propina a Abel. O empresário, que não foi localizado ontem para falar sobre a abertura do inquérito, nega recebimento de dinheiro. A planilha, segundo Vedoin, "incrimina Abel, ligado ao ex-ministro [Saúde] Barjas Negri".Ao Ministério Público Federal, Vedoin apresentou no dia 14, antes de ser preso, extratos bancários que comprovariam depósitos na conta de empresas supostamente ligadas a Abel para liberação de verbas.

Charge do dia - ANGELI


Folha de São Paulo - 24/09/2006
 
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