Fragmentos: Dentro da noite veloz - Ferreira Gullar

A vida muda como a cor dos frutos lentamente e para sempre. A vida muda como a flor em fruto velozmente.
A vida muda como a água em folhas o sonho em luz elétrica a rosa desembrulha do carbono o pássaro da boca mas quando for tempo.
E é tempo todo o tempo mas não basta um século para fazer a pétala que um só minuto faz ou não mas a vida muda a vida muda o morto em multidão.


25 de set. de 2006

Dinheiro de empresários

Valor Econômico - 25/09/2006
PF deve apontar origem legal para dinheiro


Mauro Zanatta e Cristiano Romero

A Polícia Federal deve tornar pública, entre hoje e amanhã, a origem dos R$ 1,7 milhão que seriam usados por petistas para comprar dossiê contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Um assessor informou ontem que os policiais já teriam descoberto que a origem dos recursos é "legal", embora o seu uso possa ser considerado "imoral".
Antonio Gauderio/folha imagem Valdebran Padilha: Petista preso é suspeito de ter arrecadado mais de R$ 2 milhões
O dinheiro teria sido oferecido a integrantes da campanha do PT por empresários, cujo objetivo, de acordo com essa fonte, era se aproximar dos operadores do partido na reta final da campanha eleitoral - o objetivo do dossiê, montado pelos empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, da máfia dos sanguessugas, era atingir a imagem de Serra, beneficiando o candidato do PT ao governo paulista, Aloízio Mercadante, além de desgastar Geraldo Alckmin, candidato tucano à Presidência.
Uma fonte do governo assegurou que, além do caminho do dinheiro, a PF deve divulgar os nomes dos empresários que fizeram a "doação" dos recursos. O dinheiro apreendido - 1,168 milhão em reais e 248,8 mil em dólares americanos - durante a prisão do petista Valdebran Padilha e do advogado Gedimar Passos, ambos ligados à campanha do presidente Lula à reeleição, foi sacado em três agências do Bradesco e uma do BankBoston.
No caso dos dólares, apreendidos em maços com cintas do "Bureau of Engraving and Printing", a casa da moeda americana, o que levou à desconfiança de que teriam entrado ilegalmente no país, a informação é de que o dinheiro já estava no Brasil e integrava "reservas de valor" dos empresários, para eventuais despesas de emergência.
Nos últimos dias, a PF, segundo fonte do governo, já teria ouvido gerentes e funcionários dos bancos de onde foram sacados os reais. De acordo com um assessor, a PF também teria concluído que houve o "desaparecimento" de cerca de R$ 1 milhão do esquema do dossiê. De acordo com um assessor, os petistas teriam arrecadado dois milhões em reais e os 248,8 mil em dólares, mas, como a família Vedoin teria pedido R$ 1 milhão pelo dossiê e foram apreendidos R$ 1,168 milhão, uma parte dos recursos ainda pode estar em poder dos envolvidos no escândalo.
A Polícia Federal vem sendo criticada pela demora em investigar e revelar a origem do dinheiro. Por trás disso, estaria o interesse do governo em não revelar atos que afetem a imagem do presidente Lula a poucos dias da eleição. No fim de semana, a polícia, em nota oficial, assegurou que está agindo de forma independente. "A PF, como em outras operações, cumpriu sua missão sem visar cores partidárias. Qualquer critica à ação exitosa da PF é resultado do momento político eleitoral", diz a nota.
O procurador Mário Lúcio Avelar, encarregado no Ministério Público pelo acompanhamento do caso, está intrigado com o fato de o Coaf e o Banco Central não estarem ajudando nas investigações. Por isso, decidiu fazer petição ao juiz Marcos Tavares, da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, para ordenar que os dois órgãos rastreiem o dinheiro do dossiê. Pela legislação vigente, toda movimentação superior a R$ 100 mil deve ser notificada pelos bancos ao Coaf, a quem cabe investigar se o dinheiro tem origem escusa ou não.

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