Fragmentos: Dentro da noite veloz - Ferreira Gullar

A vida muda como a cor dos frutos lentamente e para sempre. A vida muda como a flor em fruto velozmente.
A vida muda como a água em folhas o sonho em luz elétrica a rosa desembrulha do carbono o pássaro da boca mas quando for tempo.
E é tempo todo o tempo mas não basta um século para fazer a pétala que um só minuto faz ou não mas a vida muda a vida muda o morto em multidão.


16 de set. de 2006

Charge do Millôr


Que é isso companheiro?

Folha Online - 16/09/2006 - 18h05
Advogado preso diz à PF que dinheiro veio do PT

HUDSON CORRÊA da Agência Folha, em Cuiabá

O advogado Gedimar Pereira Passos --que foi preso ontem em São Paulo, onde receberia um dossiê contra o candidato a governador pelo PSDB, José Serra-- disse à Polícia Federal que recebeu de membro do PT em São Paulo, cujo nome ele disse não saber, o dinheiro para comprar o material.O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, negou que o partido tenha pago pelo dossiê e condenou a tentativa de chantagem aos tucanos. O dossiê --uma fita de vídeo, um DVD e seis fotos-- foi enviado pelo empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, apontado como chefe da máfia dos sanguessugas. Por conta do negócio, Vedoin foi preso ontem. A Justiça Federal determinou a prisão alegando que Vedoin ocultava provas e chantageava pessoas envolvidas com a máfia dos sanguessugas.
O material mostra Serra em maio de 2001, então ministro da Saúde, participando da entrega de 41 ambulâncias em Cuiabá (MT). Esses veículos, pagos com verbas federais, foram vendidos a municípios pela máfia dos sanguessugas.Há ainda uma foto, sem data, em que o candidato a presidente pelo PSDB, Geraldo Alckmin, aparece cumprimentando uma pessoa identificada pela PF como Sinomar Martins Camargo, representante da empresa Santa Maria, que pertencia aos sanguessugas e fornecia ambulâncias. Serra e Alckmin negam envolvimento com os sanguessugas e falam de armação eleitoral.Segundo passos, outra parte do dinheiro veio de uma revista cujo nome ele não soube dizer no depoimento à PF. A revista iria pagar pela exclusividade de uma reportagem.

PT e PSDB: o roto falando do esfarrapado!

Correio Brazilense - 16/09/2006
Serra e Costa na mesma crise

Jorge Hage diz que a situação dos ex-ministros é idêntica e que o tratamento deve ser igual para os dois. “É uma questão de mostrar a verdade”, destaca
Sandro Lima - Da equipe do Correio

O ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, afirmou ontem, após participar de solenidade no Palácio do Planalto, que a investigação sobre a suposta participação do ex-ministro Humberto Costa (PT) no esquema das ambulâncias deve ser tratada da mesma maneira que a do ex-ministro José Serra (PSDB). “A situação do ex-ministro Serra é a mesma situação do Humberto Costa. O que não vejo como razoável é que no caso de Humberto Costa, com o mesmo nível de indício, alguns saltem para a conclusão de que está consumado o envolvimento, e que no caso de ministro do governo passado o tratamento seja diferente. O tratamento tem que ser o mesmo. Indícios são indícios”, afirmou Hage.
Reportagem publicada pelo Correio na última quinta-feira mostra que o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Barjas Negri — que substituiu Serra quando ele deixou o cargo para disputar a Presidência —, teria determinado em dezembro de 2001 ao Fundo Nacional de Saúde “empenho e elaboração do convênio” para uma emenda no valor de R$ 88 mil que beneficiava o município de Nossa Senhora do Livramento (MT). Essa ambulância foi fornecida por duas empresas de fachada da Planam, de Darci Vedoin e Luiz Antônio Vedoin, acusados de liderar o esquema sanguessuga.
“As acusações sobre o governo anterior não estão somente apoiadas no depoimento dos Vedoin. Existem documentos e depoimentos de parlamentares que fazem acusações ao então secretário-executivo (Barjas Negri) e ao ministro (José Serra)”, afirmou Hage. Para o ministro da CGU, “a credibilidade dada aos Vedoin sobre as acusações ao ex-ministro José Serra tem que ser a mesma a que se atribui a ele quando acusa o governo atual”. Ele ressaltou, porém, que não se pode esquecer de tratar com reserva as acusações de “quem é réu e está sob delação premiada”.

Sanguessugas & Cia


FolhaOnline - 16/09/2006
Lula defende Suassuna e diz que senador é "leal e decente"

FÁBIO GUIBUda Agência Folha, em João Pessoa,
O presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendeu hoje, durante comício em João Pessoa (PB), o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), acusado de envolvimento na máfia dos sanguessugas. Lula classificou o senador de "leal" e "decente" e disse que não pode aceitar o julgamento dos seus adversários."Não sou de condenar ninguém antes do julgamento", afirmou o presidente. "Acho que todo o ser humano é inocente até prova em contrário, e o senador Ney Suassuna foi um senador leal, foi um senador que teve um comportamento decente", declarou.Lula afirmou que Suassuna "tem o direito de se defender" e que, "se cometeu algum erro", deve ser julgado e condenado" pela Justiça. "O que nós não podemos é aceitar o julgamento dos nossos adversários, porque se a gente fosse aceitar isso eu já estaria morto", disse.
Suassuna foi convidado pela organização do comício, mas não compareceu ao evento. Alegou que sua presença ao lado de Lula poderia ser usada pelos adversários para atacar o presidente. Outro suspeito de envolvimento com os sanguessugas, o deputado federal Marcondes Gadelha (PSB-PB), também não subiu no palanque.

15 de set. de 2006

Os Meninos do Brasil

Correioweb - 15/09/2006 - 12:37
Trabalho infantil sobe 10,3% em 2005, diz IBGE


Da FolhaNews

O trabalho infantil apresentou avanço no ano passado. O número de crianças de 5 a 14 anos que trabalham subiu 10,3% entre 2004 e 2005, influenciado pelo aumento no trabalho para o próprio consumo - construção e criação para si próprio - e atividades não-remuneradas, ambas tipicamente agrícolas. A conclusão faz parte da Pnad 2005, elaborada pelo IBGE, que constatou ainda que o contingente de crianças entre 5 e 17 anos que trabalham subiu e passou de 11,8% para 12,2% entre 2004 e 2005. Segundo o IBGE, uma das possíveis causas para esse aumento é a crise da agricultura, sobretudo, na região Sul do país. Os aumentos no trabalho entre crianças foram maiores nas regiões Sul e Nordeste. O envolvimento de crianças e adolescentes em atividade econômica apresentou diferenças regionais e diminuía conforme a idade avançava. A região Sudeste foi a que deteve menor número de crianças trabalhando (8,6%), vindo em seguida a Centro-Oeste (10,5%). No outro extremo, ficou o Nordeste (15,9%), seguido pela região Sul (14,0%). O percentual na região Norte foi de 13,1%.

Os buracos do Brasil

Agência Carta Maior - 15/09/2006
SÉRIE - ESTRADAS DO BRASIL
Concessões e melhorias ficam à mercê de disputa por lucro

Morrem em rodovias cerca de 20 a 40 mil pessoas por ano. Série de reportagens detalha as condições de determinados trechos e problemas correlatos ao tema e ajuda a compreender o que ocorre com as estradas do Brasil.
André Barrocal*- Carta Maior

BRASÍLIA – Dias atrás, o Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu reportagem sobre a “pior rodovia do Brasil”, como as próprias autoridades classificam um trecho no Maranhão da BR 316. As condições da estrada são precárias desde o início da década de 90 - e pioram a cada ano - mas o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, tentou, sem sucesso, tirar proveito eleitoral da buraqueira e culpar o governo pela situação. Chegou a viajar às pressas para a região, na esperança de aparecer em uma segunda reportagem da emissora a respeito do tema. De qualquer maneira, o episódio ajudou a chamar a atenção, mais uma vez, para a deprimente situação das rodovias federais.
As rodovias brasileiras matam de 20 mil a 40 mil pessoas por ano, segundo estatísticas divergentes do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Ministério da Saúde e das seguradoras privadas. Acidentes ocorrem por imprudência do motorista, mas também pela má qualidade das estradas. Os prejuízos do país com acidentes de trânsito, com ou sem vítimas fatais, superam R$ 5 bilhões por ano, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). São perdas porque as vítimas deixam de trabalhar, geram despesas em hospitais e pagam conserto do veículo, entre outras coisas.
O governo federal tem recorrido a paliativos para melhorar as estradas, como a "operação tapa-buraco", deflagrada depois que as chuvas multiplicaram os buracos. As soluções mais duradouras, no entanto, estão empacadas - privatizações e parcerias com empresas privadas. Ambas tentam driblar a falta de investimentos nas rodovias decorrente da opção do governo por pagar altos juros da dívida.

Imagem do dia

Charge do Dia
























Folha de São Paulo, 15/09/2006

14 de set. de 2006

Até tu, MPU?

Correio Brazilense - 14/09/2006
Vagas para protegidos garantidas

Sindicato dos Servidores do MPU denuncia cabide de emprego dentro da instituição

Lúcio Vaz e Fabíola Góis - Da equipe do Correio

O Ministério Público da União (MPU) mantém em seu quadro de funcionários de confiança 26 candidatos que não conseguiram entrar por concurso público. Essa é uma das imoralidades apontadas por levantamento do Sindicato dos Servidores do Ministério Público da União (Sinasempu), entregue ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, em maio deste ano. Nomeações irregulares de pessoas sem vínculo com a administração pública para funções comissionadas e casos de nepotismo e de servidores fantasmas também fazem parte do relatório. O MPU é o guardião dos poderes e advogado dos interesses da sociedade.
Entre os 26, a pior colocada no concurso, Sílvia Terra Amaral, ficou em 10.080º lugar. Logo depois do concurso público, foi nomeada para o cargo de assessor (FC-07), com salário de R$ 7,9 mil. Trabalha no órgão desde 2003.
O documento com os nomes desses servidores era mantido em sigilo, mas o presidente do Sinasempu, Luiz Ivan Cunha Oliveira, foi provocado pelo secretário-geral do Ministério Público Federal, Carlos Frederico Santos, a apresentar a lista dos comissionados que não foram classificadas no concurso, além de casos de nepotismo. “Apresentem a lista”, desafiou Santos na última sexta-feira. O sindicato apresentou uma listagem completa, com o nome dos servidores, a classificação no concurso, o cargo que ocupam, o local de trabalho e a data da nomeação. No ofício, Ivan afirma que essas nomeações “ferem de morte os princípios da moralidade e da impessoalidade. Afinal, somente por apadrinhamento é que pessoas incapazes de conseguir classificação em concurso público do MPU seriam chamadas para exercerem cargos comissionados no próprio órgão, em detrimento das que foram aprovadas”.

Charge do dia

Série: Dinheiro na mão é vendaval

Folha de São Paulo 13/09/2006
TCU vê irregularidade em caso das cartilhas e dá 15 dias para governo se explicar
ANDREZA MATAISda Folha Online, em Brasília


O plenário do TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou hoje o relatório do ministro Ubiratan Aguiar que denuncia irregularidades na execução e destinação de cartilhas feitas a pedido do governo. O relatório de Aguiar diz que o governo não conseguiu comprovar R$ 11,7 milhões de gastos feitos pela Secom (Secretária de Comunicação) com a produção de cartilhas e que há indícios de superfaturamento na confecção do material e de serviços não-prestados. O TCU deu 15 dias para o governo apresentar sua defesa.
Entre os citados pelo TCU estão o secretário Luiz Gushiken, que responde pela Secom (Secretaria de Comunicação do Governo), Marcos Flora, ex-secretário adjunto da Secom, além da agência de publicidade de Duda Mendonça --que fez as cartilhas. Se eles não conseguirem se explicar, terão de devolver o dinheiro das cartilhas para os cofres públicos.No relatório, o ministro apontou fortes indícios de desvio de R$ 11,7 milhões da Secom.
O dinheiro teria sido destinado para a confecção de cartilhas sobre os feitos do governo Lula e com críticas à gestão anterior. Sobre parte do material não há comprovação de entrega. Outro montante teria sido encaminhado para o PT. Em nota ontem, o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), confirmou que a legenda recebeu o material.

13 de set. de 2006

Série: A Ética do Poder

Folha de São Paulo - 13/09/2006

FERNANDO RODRIGUES

Valores em falta

BRASÍLIA - É difícil saber o que é pior no episódio do fim de semana prolongado de 47 juízes num hotel de luxo em Comandatuba, tudo pago pela Febraban. Há o fato em si, desgastante para a imagem do Judiciário. Mas há também a explicação dos magistrados, que nada enxergam de errado.
Um dos juízes alega ter feito um "sacrifício". Foi cumprir o "preceito constitucional" de manter interlocução do Judiciário com a sociedade. Pago pelos bancos. De cada 100 ações analisadas pelo Superior Tribunal de Justiça, cerca de 30 têm relação com os bancos. Os associados da Febraban são os maiores clientes da Justiça. Num país com normalidade democrática e valores assentados, a sociedade tenderia a repelir tal relação. No Brasil, não.
Essa atitude leniente com os modos e os costumes é muito disseminada nas instituições nacionais. Questionados, os protagonistas reagem como se estivessem sendo agredidos quando o assunto é apresentado em público.
Tome-se também o caso da Petrobras. A estatal tem feito muito mais ações sociais em prefeituras aliadas a Lula. As de oposição ficam para o fim da fila. Ontem, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, irritou-se com a reportagem da Folha que mostrava a divisão partidária dos gastos da empresa. "Eu acho que é um escândalo a Folha insinuar que o critério da distribuição de recursos da Petrobras seria um critério partidário".
Ora, não houve insinuação. Foram apresentados números. Mas o doutor resolveu ficar indignado. No fundo, são poucos os agentes públicos acostumados a conviver com o contraditório. Admitir um erro e corrigir uma conduta é raro. Os valores são frágeis. Pior: nenhum candidato a presidente trata desse tema de maneira correta.

Público Privado

Correio Braziliense 13/09/2006
Caso das cartilhas assusta o Planalto

Governo teme que oposição peça ao TSE a impugnação da candidatura petista com base em auditoria do TCU

Gustavo KriegerDa equipe do Correio

O Palácio do Planalto acompanha com muita preocupação o caso das cartilhas impressas pelo governo e entregues a diretórios do PT para distribuição. Oficialmente o governo procura demonstrar tranqüilidade, mas a portas fechadas o quadro é outro. O Planalto teme que a oposição use o caso para pedir à Justiça Eleitoral a impugnação da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, sob acusação de uso da máquina administrativa. O caso será julgado pela Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma corte na qual Lula já colecionou derrotas e sob a presidência do ministro Marco Aurélio Mello, considerado “imprevisível” pelo governo.
Lula e seus principais assessores consideram a eleição virtualmente ganha e acreditam que ela pode mesmo ser decidida no primeiro turno. O otimismo eleitoral acendeu a paranóia com a possibilidade de que a oposição, vencida nas urnas, tente outros caminhos para afastar o presidente do cargo.
O caso das cartilhas serviria a este objetivo. É uma denúncia nova, envolve a mistura de dinheiro público com campanha eleitoral e chega à Secretaria de Comunicação (Secom), um órgão diretamente ligado à Presidência da República. Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que a Secom não tinha comprovantes da aplicação de R$ 11 milhões, que deveriam ter sido gastos na impressão de cartilhas e folhetos de propaganda do governo. Também não havia provas da impressão ou distribuição de 2 milhões de exemplares da cartilha, cuja tiragem declarada foi de 5 milhões. Para se justificar, a Secom disse que as revistas foram entregues a diretórios do PT. O argumento foi que eles distribuiriam o material sem custos para o governo.

12 de set. de 2006

Finalmente


Câmara vai extinguir 1.163 cargos de natureza especial
A Mesa Diretora da Câmara aprovou por unanimidade ato que extingue 49% dos cargos de natureza especial (CNEs) da Casa – 1.163, de um total de 2.365. As demissões devem acontecer até o dia 3 de outubro. O anúncio foi feito há pouco pelo presidente da Casa, Aldo Rebelo, após reunião com integrantes da Mesa em sua residência oficial.O ato proíbe a contratação de CNEs para desempenhar função fora de Brasília e em gabinetes parlamentares e veda a contratação de parentes de 1º e 2º graus de parlamentares e funcionários da Câmara. Também fica proibida a cessão de ocupantes de cargo de natureza especial para desempenhar função em órgão externo à Câmara.
Aldo anunciou que será apresentado um projeto de resolução, a ser votado em plenário, para legitimar as decisões tomadas na reunião de hoje. A intenção é evitar que, posteriormente, um novo ato da Mesa venha a revogar essas proibições.Também a partir de 3 de outubro, será publicada no portal da Câmara na internet (www.camara.gov.br) a lista de todos os CNEs contratados com a respectiva lotação.

E o Troféu Motoserra de Ouro vai para Jorge Viana













CLÓVIS ROSSI

Troca de motosserra


SÃO PAULO - É comovente a evolução ética do petismo nos últimos tempos. Começou com a constatação do ator petista Paulo Betti segundo quem não se faz política sem pôr a mão em matéria fecal. Dias depois, o presidente Lula referendou a tese ao dizer: "Política a gente faz com o que a gente tem. Não com o que a gente quer".
Agora vem o complemento, na boca de um dos raros petistas que é estrela ascendente, o governador acreano Jorge Viana. Na bela reportagem de Fábio Zanini, ontem publicada por esta Folha, Viana justifica assim sua aliança com os políticos que antes considerava delinquentes: "Qualquer apoio estamos aceitando com gosto". O "qualquer" inclui o pessoal ligado a Hildebrando Pascoal, sim, aquele mesmo que está preso há sete anos por mandar matar um adversário com uma motosserra.
Ou seja, antes o PT era contra "tudo o que está aí"; mais recentemente, passou a aceitar o que está aí por ser supostamente tudo o que "a gente tem". Agora, não é apenas aceitação conformada, mas "com gosto". Não significa, como já mostrou na semana passada Renata Lo Prete, que o PT vá desaparecer ou murchar. Vai apenas ser um novo PMDB. Partido sem cara, sem cheiro (não vale pensar em Paulo Betti), sem identidade, mas que, não obstante, está sempre entre os três mais votados para o Congresso, quando não é o mais votado. Viverá da tradição política brasileira, do caciquismo/coronelismo, sustentado por vínculos com o poder público (municipal, estadual ou federal ou todos juntos).
Há 40 ou 50 anos, a oligarquia maranhense era comandada por Victorino Freire, desbancado por um jovem chamado José Sarney. Mudou o Maranhão? Não, mudou o novo dono político do pedaço. Assim como no Acre: sai a motosserra, entram Jorge Viana e o PT.

Série: Quem te viu, quem te vê.....

Folha de São Paulo 12/09/2006
Doação da Petrobras favorece prefeituras do PT e de aliados

Cidades administradas pelo partido ficaram com 27,5% dos R$ 31 milhões repassados
Piauí, também governado por petistas, foi o único Estado beneficiado; estatal diz que seleção foi feita com base em projetos sociais

RUBENS VALENTEENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Entre outubro do ano passado e início da campanha eleitoral, a Petrobras beneficiou prefeituras do PT e da base aliada no financiamento de R$ 18,4 milhões de um total de R$ 31,6 milhões em ações sociais para municípios. O único repasse do gênero feito a um Estado, de R$ 1,25 milhão, também atendeu um reduto do PT, o Piauí. A lista dos patrocinados pela Petrobras neste ano eleitoral inclui apoiadores da campanha para reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que receberá R$ 8,75 milhões para um programa de alfabetização, e a UNE (União Nacional dos Estudantes), com R$ 130 mil. Adversária da CUT, a Força Sindical recebeu apenas R$ 250 mil para um evento de 1º de Maio.
Cerca de R$ 700 mil foram destinados pela Petrobras a obras de melhoria de asfalto nas cidades de Maragogipe (BA) e Alagoinhas (BA), também administradas pelo PT. Os repasses aos municípios foram feitos às prefeituras ou a conselhos municipais da infância e da adolescência. A Petrobras afirma ter feito uma seleção dos projetos sociais.
Do total de 208 municípios beneficiados com recursos da Petrobras entre outubro de 2005 e junho último, 46 estão sob controle do PT. Os municípios administrados pelo partido obtiveram R$ 8,6 milhões, ou 27,5% do total dos recursos (o PT administra 7,4% das prefeituras no país, segundo o resultado das eleições de 2004).
As cidades administradas por petistas e atendidas pela Petrobras têm cerca de 11 milhões de habitantes. Outros 61 municípios de partidos aliados de Lula (PMDB, PSB, PL, PP e PTB) ficaram com R$ 9,83 milhões. Em contrapartida, prefeituras administradas pelos dois maiores partidos de oposição, PSDB e PFL, obtiveram apenas R$ 4,47 milhões (14%). As duas siglas comandam 29,9% das prefeituras brasileiras.

11 de set. de 2006

Palocci em maus lencóis

O Estado de São Paulo 11/09/2006
Em 10 dias, Palocci será denunciado duas vezes à Justiça por sete crimes
Ex-ministro disputa a Câmara e responde a processos por quebra de sigilo de caseiro e por integrar 'máfia do lixo'
Rosa Costa, Vanildo Mendes
A 20 dias da eleição, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci - candidato a deputado federal pelo PT - começa a enfrentar mais uma prova de fogo em sua carreira política. Num período de dez dias, Palocci será denunciado à Justiça por sete crimes: formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, peculato, quebra de sigilo bancário, quebra de sigilo funcional e prevaricação.
As denúncias, da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil, dizem respeito ao envolvimento de Palocci na quebra do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo - que disse que o ex-ministro freqüentava a mansão do Lago Sul, em Brasília, usada para lobby -, e nas fraudes nos contratos de lixo em suas duas administrações na prefeitura de Ribeirão Preto (1993-1996 e 2001-2002).
Hoje, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, da PF, entrega à Justiça o inquérito, aberto em março, em que Palocci é acusado dos crimes de violação de sigilo bancário e funcional e prevaricação do caseiro Nildo. Ele afirma que as provas que têm são suficientemente robustas.

Série: Até tu, Brutus!

Folha de São Paulo - 11/09/2006
Bancos pagam feriado na praia de 47 juízes

Febraban gasta R$ 182 mil e leva magistrados e suas famílias a Comandatuba, na Bahia, para discutir "spread" e crédito

Encontro contou ainda com outros 60 participantes; banqueiros dizem que evento visa um diálogo aberto com os juízes
FERNANDO RODRIGUESENVIADO ESPECIAL A COMANDATUBA

O feriado de Sete de Setembro foi especial para 16 ministros (dois aposentados) do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e 31 desembargadores de sete Estados: eles receberam passagem e estada grátis no resort de luxo Transamérica da Ilha de Comandatuba, no litoral baiano, para assistirem a algumas palestras sobre como funciona a arquitetura do crédito do sistema bancário brasileiro.O patrocínio do evento foi da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), que arcou com uma fatura de ao menos R$ 182 mil com hospedagem e transporte dos 47 juízes. Esse valor é estimado com base no número de magistrados presentes e de seus acompanhantes multiplicado pelo preço básico promocional cobrado pelo pacote.Os magistrados podiam trazer familiares para o hotel. A lista completa de participantes não foi divulgada.A agenda em Comandatuba foi leve. As palestras começavam às 16h. Terminavam por volta de 20h30, com jantar e algum show. O restante do tempo era livre. O domingo também foi aberto para passeios.

Link para a reportagem completa: para assinantes da Folha de São Paulo

Série: Quem te viu, quem te vê.....

Jorge Viana esquece passado e se alia a políticos que o PT antes combatia

Grupo do governador, forte candidato a um ministério caso Lula se reeleja, fecha coligação com PP
Um dos pais do acordo é o ex-deputado Ronivon Santiago, envolvido nos escândalos da compra de votos e dos sanguessugas
FÁBIO ZANINI ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO

Oito anos após ter despontado na política com a promessa de tirar o Acre das páginas policiais, o grupo ligado ao governador Jorge Viana (PT) recorreu às mesmas personagens que antes combatia para se manter no poder.Forte candidato para o ministério em um eventual segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, Viana conquistou o apoio do ex-governador Orleir Cameli (1995-1998), o mesmo que era caracterizado por ele como responsável pelo "desmonte" do Estado.Cameli entrou no barco petista junto com seu primo Cesar Messias (PP), ex-prefeito de Cruzeiro do Sul (segunda cidade do Estado), indicado vice na chapa do PT ao governo.
Do lado do PP, um dos pais da aliança é o ex-deputado Ronivon Santiago, presença constante nos grandes escândalos dos últimos anos -compra de votos, valerioduto e sanguessugas.Mas ele não pôde ver o resultado final de seu trabalho. Foi preso pela Polícia Federal poucas horas antes da apresentação da coligação, em 4 de maio.Figura ainda na frente petista o PL de Aureliano Pascoal, ex-secretário de Segurança Pública de Cameli e primo de Hildebrando Pascoal, símbolo do "faroeste" que o PT combatia. Hildebrando, preso desde 1999 por mandar matar um adversário com uma motosserra, comandava a PM do Estado.
Há oito anos, o PT dizia que o Acre era palco de uma luta do bem contra o mal, este simbolizado por Cameli e Ronivon. Como dizia Jorge Viana à época: "São grupelhos que se organizaram e atuam como bandos. Tudo coordenado por um governador [Cameli] que não tem currículo, mas folha corrida".A "folha corrida" de Cameli incluía, além dos muitos CPFs, acusações de desvio de recursos, a apreensão de um Boeing de sua família com contrabando e a intermediação da compra de deputados para aprovar a reeleição no Congresso.O bem, no maniqueísmo vigente, era representado pelos "meninos do PT" -Jorge, o senador Tião Viana e a ministra Marina Silva (Meio Ambiente). Hoje quarentões e grisalhos, assumem o pragmatismo.

A Ética do Poder

Folha de São Paulo - 11/09/2006
TCU bloqueia R$ 10,8 mi do governo por causa da eleição
Tribunal pede que Ministério Público tome providências em relação a repasses
Verba foi liberada por dois ministérios para compra de ambulâncias e tratores; outros R$ 55 mi também são alvo de investigação

MARTA SALOMONDA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TCU (Tribunal de Contas da União) mandou bloquear gastos de R$ 10,8 milhões liberados em julho pelo governo Lula para a compra de ambulâncias e tratores, supostamente em desacordo com a lei eleitoral. O tribunal também pediu "providências cabíveis" ao Ministério Público Federal. No caso do descumprimento da regra, a legislação prevê a perda do registro ou do diploma do "candidato beneficiado".
O bloqueio dos gastos determinado pelo TCU, por meio de medidas cautelares, atingiu a transferência de R$ 8,4 milhões do Ministério da Saúde para o Estado do Piauí, destinados à compra de ambulâncias. Alcançou ainda R$ 2,4 milhões transferidos pelo Ministério da Agricultura, via Caixa Econômica Federal, a 17 prefeituras de 11 Estados diferentes. O objetivo, nesse caso, era a compra de tratores, chamados de "patrulhas mecânicas".
Além dos dois casos acima, o tribunal investiga indícios de irregularidades na transferência de mais R$ 55,2 milhões a Estados e municípios, entre 1º de julho e 22 de agosto.É prevista para os próximos dias a edição pelo TCU de uma terceira medida cautelar. O alvo seria a transferência de R$ 6,3 milhões destinados a iniciar obras da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba) no Piauí, onde o petista Wellington Dias disputa a reeleição ao governo.
 
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