
SÉRIE - ESTRADAS DO BRASIL
Concessões e melhorias ficam à mercê de disputa por lucro
Morrem em rodovias cerca de 20 a 40 mil pessoas por ano. Série de reportagens detalha as condições de determinados trechos e problemas correlatos ao tema e ajuda a compreender o que ocorre com as estradas do Brasil.
André Barrocal*- Carta Maior
BRASÍLIA – Dias atrás, o Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu reportagem sobre a “pior rodovia do Brasil”, como as próprias autoridades classificam um trecho no Maranhão da BR 316. As condições da estrada são precárias desde o início da década de 90 - e pioram a cada ano - mas o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, tentou, sem sucesso, tirar proveito eleitoral da buraqueira e culpar o governo pela situação. Chegou a viajar às pressas para a região, na esperança de aparecer em uma segunda reportagem da emissora a respeito do tema. De qualquer maneira, o episódio ajudou a chamar a atenção, mais uma vez, para a deprimente situação das rodovias federais.
As rodovias brasileiras matam de 20 mil a 40 mil pessoas por ano, segundo estatísticas divergentes do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Ministério da Saúde e das seguradoras privadas. Acidentes ocorrem por imprudência do motorista, mas também pela má qualidade das estradas. Os prejuízos do país com acidentes de trânsito, com ou sem vítimas fatais, superam R$ 5 bilhões por ano, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). São perdas porque as vítimas deixam de trabalhar, geram despesas em hospitais e pagam conserto do veículo, entre outras coisas.
O governo federal tem recorrido a paliativos para melhorar as estradas, como a "operação tapa-buraco", deflagrada depois que as chuvas multiplicaram os buracos. As soluções mais duradouras, no entanto, estão empacadas - privatizações e parcerias com empresas privadas. Ambas tentam driblar a falta de investimentos nas rodovias decorrente da opção do governo por pagar altos juros da dívida.
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