Fragmentos: Dentro da noite veloz - Ferreira Gullar

A vida muda como a cor dos frutos lentamente e para sempre. A vida muda como a flor em fruto velozmente.
A vida muda como a água em folhas o sonho em luz elétrica a rosa desembrulha do carbono o pássaro da boca mas quando for tempo.
E é tempo todo o tempo mas não basta um século para fazer a pétala que um só minuto faz ou não mas a vida muda a vida muda o morto em multidão.


23 de set. de 2006

A Política e o Cabaré

Folha de São Paulo - 23/09/2006
LUIZ FERNANDO VIANNA

O Bataclã

Em "Gabriela, Cravo e Canela", Mundinho Falcão representa o novo, a alternativa que sai do Rio para combater os velhos barões do cacau em Ilhéus. Quando morre coronel Ramiro, chefe político local, Mundinho assume o poder sem fazer concessões: estende a mão para que o povo pobre a beije, alia-se aos coronéis, torna-se aquilo que combatia.
O retrato da velha Bahia feito por Jorge Amado não envelheceu tanto assim, descontados o figurino e alguns detalhes. Lula oferece em adoração as mãos simbolicamente cheias de Bolsa-Família enquanto beija literalmente as do coronel Jader Barbalho -que podiam ser as de Ney Suassuna e de tantos outros. Lula era, há apenas quatro anos, a imagem do novo, espelhada nas pessoas que enchiam Cinelândias, avenidas Paulistas e ruas de terra para comemorar a correção de uma história destinada a ter sempre os mesmos donos.
Hoje, Lula serve a esses donos para manter um projeto amorfo de poder, alimentado nas entranhas por Freuds, Gedimares, Valdebrans e outras figuras de identidades e funções estranhas.Mas, se a quadrilha de Collor foi desbaratada em 92, por que a de Lula resiste? É claro que a maior parte da resposta se encontra no legítimo apoio popular que ele tem, assentado sobre seu carisma, os programas de transferência de renda e alguns avanços econômicos.
Não é só. A única alternativa eleitoralmente viável é a sociedade PSDB-PFL-parte do PMDB, que produziu oito anos de iniqüidades. É a aliança dos doutores dos rincões com os coronéis da USP. Não espanta que Lula esteja na frente.Em "Gabriela", há um terreno em que cacaueiros, oposicionistas, malandros e jornalistas convivem à beira da civilidade: o bordel Bataclã. O governo Lula dá uma saudade danada da Maria Machadão.

22 de set. de 2006

O Mico do PT

Folha Online 22/09/2006
PF diz que dossiê tinha 2.000 páginas e citava PT e outros partidos

O delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno afirmou hoje que o dossiê original que seria comprado por integrantes do PT com supostas denúncias contra adversários era muito maior e abrangia "partidos de A a Z". Bruno foi o responsável pela prisão de Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha em um hotel em São Paulo na sexta-feira passada.
"O Gedimar disse que o dossiê está envolvendo todos os partidos políticos e o próprio PT. Em nenhum momento o senhor Gedimar disse que era um dossiê contra o PSDB. Se vocês tiverem acesso aos meus autos, no futuro, verão que não ele não fala do PSDB", disse o delegado.
Na semana passada, a PF apreendeu uma fita de vídeo, um DVD e seis fotos --que formariam um suposto dossiê contra o ex-ministro José Serra. O material, entretanto, mostrava apenas Serra em cerimônias de entrega de ambulâncias.Bruno forneceu mais detalhes sobre a prisão dos dois na capital paulista. Primeiramente a PF prendeu Valdebran, que tentou negociar a entrega do restante do dossiê já sob a supervisão da polícia, mas a operação para conseguir o restante dos documentos não deu certo e foi interrompida. Logo depois, Valdebran teria indicado a presença de Gedimar, que foi detido no mesmo hotel.
De acordo com o delegado, os depoimentos indicam que o dossiê original teria cerca de 2.000 páginas e apontaria outras denúncias além do envolvimento com a máfia dos sanguessugas.Ainda de acordo com ele, os documentos teriam sido vistos antes em Cuiabá (MT). "Esta negociação [para comprar o dossiê], começou quando os Vedoin estavam presos na Polinter em Cuiabá", afirmou Bruno.
Na reconstituição do delegado, os Vedoin teriam avisado Valdebran que "alguém do PT" iria procurá-lo. Este alguém seria Gedimar, com conhecimento de Jorge Lorenzetti. Bruno afirmou também que o PT iria comprar uma espécie de "pacote de denúncias" que valeria em torno de R$ 2 milhões.

Charge do dia II - Lotti



Blog Pegausus

Pop Internacional IV

UOL Últimas Notícias - 22/09/2006
Escândalo do dossiê 'enlameia Lula', diz Libération

Após praticamente ignorar por vários dias o novo escândalo político brasileiro, os principais jornais europeus e americanos deram destaque nesta sexta-feira ao caso da suposta compra de um dossiê contra o ex-prefeito José Serra (PSDB) por pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O Brasil já fala em um Watergate versão local”, diz reportagem do diário francês Libération. “Um novo escândalo enlameia o presidente Lula, candidato à reeleição e até agora dado como vencedor certo no primeiro turno.”O jornal observa que o inquérito aberto para apurar o caso somente deve ser concluído no ano que vem, mas “poderia levar à cassação do mandato de Lula se ele for reeleito”.
Na Espanha, o diário El País diz que o escândalo já foi batizado por alguns de “Watergate tropical” e destaca a tentativa de Lula de desvincular-se da crise, com declarações à TV alegando que a trama não faz sentido porque não lhe ajudaria “nem um milímetro”. O jornal observa que Lula “parece contar com uma couraça que o protege contra qualquer escândalo de corrupção” e que, após três anos em que enfrentou várias acusações e a queda de vários de seus ministros mais importantes, “a figura de Luiz Inácio Lula da Silva segue incólume”.
Em reportagem que ocupa quase meia página, o britânico Financial Times observa que “os assistentes pessoais do presidente brasileiro e o presidente de seu partido são implicados, mas ele se distancia com sucesso”.“Se a oposição acha que as últimas revelações vão virar a eleição, eles estão provavelmente subestimando as habilidades dos eleitores de considerar quase todos os delitos na política como algo que não foge muito à normalidade”, diz a reportagem.
O também britânico The Guardian, por sua vez, observa que “a oposição a Lula tem sido incapaz de transformar a crise generalizada sobre corrupção em votos”. “Os analistas minimizaram o possível impacto na campanha de Lula, argumentando que a opinião pública ficou saturada com alegações de corrupção.”O Times avalia que Lula sofreu um golpe em sua busca pela reeleição, que “parecia antes uma mera formalidade”.Na Alemanha, o Frankfurter Rundschau diz que “mais uma vez, pessoas próximas ao presidente estão no centro de um escândalo”. “A questão é se Lula também conseguirá superar esta crise intacto”, avalia a reportagem.
Para o espanhol ABC, o caso, que levou à troca do coordenador de campanha de Lula, “põe em sério risco sua reeleição”. O jornal destaca a declaração do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), adversário de Lula na disputa, comparando o presidente a um ladrão de carros que diz que não precisava daquilo e somente roubou porque pensava que sairia incólume.
O diário americano The New York Times também dá destaque ao caso, dizendo que “justo quando Lula pensava que já havia passado pelo pior dos escândalos que atormentaram seu governo nos últimos 18 meses, um novo e especialmente danoso escândalo apareceu”. A reportagem observa, porém, que “apesar de os analistas políticos dizerem que o escândalo mais recente pode ser danoso o suficiente para forçar um segundo turno, o resultado final não deve ser afetado”. O também americano The Washington Post traz em sua edição desta sexta-feira um artigo de opinião criticando a condução da política econômica do governo Lula, mas que ignora totalmente o novo escândalo.
A autora do artigo, Marcela Sanchez, observa que os analistas consideram necessário que o Brasil cresça a uma taxa muito maior do que os 3% esperados para este ano se quiser combater a pobreza e reduzir a desigualdade social, como prometeu Lula em sua campanha.“Se o crescimento não mostrar melhores dividendos logo, Lula terá dificuldades para manter seu apoio. E as coisas podem ficar difíceis também para a nova esquerda da América Latina, que está acompanhando de perto as tentativas do presidente brasileiro de triunfar sobre o antigo”, conclui o artigo.

Link para o UOL - Últimas Notícias

Quem pagou pelo Dossiê?

Agência Carta Maior -22/09/2006
Dossiê eleva tom da campanha presidencial a 10 dias das eleições


Crise que abalou campanha de Lula ainda deve ter um lance dramático: a origem dos R$ 1,7 milhões encontrados com petistas em SP.
Nesta quinta (21), também cresceu pressão para que PF aprofunde investigação sobre conteúdo do dossiê.
Marcel Gomes – Carta Maior
A crise política detonada pelo envolvimento de petistas na compra de um dossiê contra José Serra está seguindo um roteiro óbvio, cumprido ao pé da letra pela maior parte da mídia, mas também há um outro roteiro, “alternativo”, que começou a ganhar espaço nesta quinta-feira (21).O primeiro roteiro tem como próxima cena a revelação sobre a origem dos R$ 1,7 milhões encontrados com os petistas em um hotel de São Paulo. A Polícia Federal já sabe quais foram as agências bancárias que liberaram o dinheiro, mas os nomes dos titulares das contas ainda permanecem sob sigilo. Dependendo dos resultados dessa investigação, outros petistas e membros do governo Lula podem ir para a berlinda. Para afastar um desses boatos que sempre surgem em época de crise, o ministro Luiz Marinho (Trabalho) rebateu nesta quinta (21) o que ele chamou de “insinuações irresponsáveis” que envolveriam a pasta no caso. O boato, que virou reportagem em alguns veículos, dizia que uma fundação chamada Unitrabalho, onde trabalhou o petista Jorge Lorenzetti, envolvido com a compra do dossiê, havia liberado o dinheiro para o negócio. A fundação, que tem projetos financiados com dinheiro público, também negou nesta quinta qualquer envolvimento com o escândalo.Mas há também um roteiro “alternativo” para a crise. “Alternativo” porque foi deixado de lado pela maior parte da mídia, mas que tem potencial suficientemente grande para causar estragos nas candidaturas do PSDB. A Polícia Federal, parte da imprensa e parlamentares da CPI dos Sanguessugas investigam as relações da família Vedoin com o tucano Barjas Negri, ex-ministro da Saúde na gestão de Fernando Henrique Cardoso, e ligado a José Serra. Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia de superfaturamento das ambulâncias, prestou depoimento nesta quinta em Cuiabá, onde está preso provisoriamente. O teor de seu depoimento não foi divulgado.

A quem interessa apurar?


PF afasta delegado e faz intervenção branca para controlar investigações

Orientação é restringir acesso a informações e concentrar apuração em policiais de confiança do diretor do órgão
O delegado Edmilson Pereira Bruno, que prendeu petista e ex-policial em São Paulo e fez a apreensão do dinheiro, está fora do caso
A Polícia Federal tentou abafar o caso do dossiê após descobrir o envolvimento de petistas no escândalo. Em São Paulo, onde um ex-agente da PF foi preso, a orientação era restringir ao máximo o acesso a informações e concentrar a investigação nas mãos de policiais de confiança do diretor-executivo da PF, delegado Zulmar Pimentel, 55, segundo homem na hierarquia do órgão.Segundo a Folha apurou, o delegado Edmilson Pereira Bruno, que estava de plantão na madrugada de sexta-feira e prendeu o petista Valdebran Padilha, foi afastado do caso.
Durante a operação, o delegado prendeu ainda o ex-agente da PF Gedimar Passos -que negociava o dossiê com Padilha, no hotel Ibis-, apreendeu R$ 1,7 milhão e colheu os primeiros depoimentos.Na segunda-feira, Bruno foi afastado. No lugar dele foram acionados policiais ligados ao superintendente em exercício da PF em São Paulo, Severino Alexandre, indicado para a diretoria executiva do órgão pelo diretor-executivo Pimentel.
Como o superintendente em exercício, a Folha apurou que o policial preso também fazia parte do grupo de agentes que gozavam da confiança do diretor-executivo -a PF de Brasília não confirmou a informação. Por orientação do superintendente em exercício, todos os delegados e agentes foram proibidos de falar sobre o caso. Também foi vetada a divulgação de imagens do dinheiro apreendido no hotel.As fitas de vídeo gravadas pelo circuito interno do Ibis, segundo um funcionário do hotel, haviam sido prometidas ao delegado Bruno, que deveria retirá-las na segunda-feira. Por determinação do superintendente em exercício, o material foi lacrado e encaminhado diretamente para ele.
Uma das situações consideradas "estranhas" por agentes da PF, que pediram para que seus nomes não fossem divulgados, foi o depoimento de Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O superintendente em exercício determinou que Godoy fosse ouvido na segunda-feira por uma delegada assistente dele, considerada "novata" na profissão. O normal, dizem, seria Bruno ter assumido o interrogatório já que ele ouviu os presos e é delegado de classe especial, último grau na polícia.

Charge do dia - Glauco


Folha de São Paulo 22/09/2006

Série:Quem te viu, quem te vê!

Folha de São Paulo 22-08/2006
CLÓVIS ROSSI

Como se faz uma quadrilha

Oded Grajew, empresário que foi dos primeiros da espécie a aderir ao lulo-petismo, bem antes do poder, matou faz tempo a charada do apodrecimento do PT e, com ele, do governo Lula. Em depoimento para livro de duas jornalistas inglesas sobre a crise petista (a primeira), Oded lamentou que, para a cúpula partidária e para o pessoal do aparato burocrático, a política tenha se tornado "maneira de ganhar a vida". Completou: "Alcançar o poder se converte no mais importante, e, para isso, as pessoas estão dispostas a fazer concessões éticas. Em outras palavras, se desejo estar no poder, necessito dinheiro, e, se não posso conseguir os fundos legalmente, então o farei ilegalmente".
Outro "lulista", aliás o novo coordenador de campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, por sua vez, queixou-se, no mesmo livro, de que trabalhou de graça como secretário de Relações Internacionais do PT durante dez anos, ao passo que "um membro de uma tendência de esquerda [do PT] ganhava R$ 7,2 mil por mês", mais do que Garcia como assessor para assuntos internacionais de Lula.
São essas "boquinhas" que fazem compradores de dossiê ou praticantes de outras delinqüências. Freud Godoy, mero segurança, usou o PT (e o governo Lula) como meio de alpinismo social, a ponto de morar em um apartamento de R$ 500 mil. Valdebran Carlos Padilha da Silva, por sua vez, mora em um condomínio de luxo em Cuiabá. José Lorenzetti, enfermeiro, virou diretor de banco federal. Para manter as "boquinhas", é lógico que fariam de tudo. Assim como as pessoas que assessoram, todas com cargos eletivos.
Para manter o poder, fazem o diabo, contando com o acobertamento do chefe, que, mesmo quando os demite, acaricia-os depois. Foi essa cultura que gerou a "quadrilha" antigamente chamada de Partido dos Trabalhadores.

21 de set. de 2006

Censura


Sarney não gosta de Alcinéa? Viva Alcinéa!

Não sei quem é Alcinéa Cavalcante. Sei que é uma jornalista do Amapá e que José Sarney não gosta dela. Por isso, simpatizo com Alcinéa Cavalcante. Sempre que Sarney não gostar de alguém, acho que a gente deve examinar seriamente a possibilidade de defender essa pessoa. Ainda mais que ele decidiu mobilizar a Justiça para censurar o blog da moça (http://alcineacavalcante.blogspot.com/).
Entrem lá. O site lembra a edição do Estadão nos tempos da ditadura: cheio de espaços ocupados por textos que estão no lugar de notícias ou comentários censurados. Até capas de revista de circulação nacional estão proibidas. Sarney, um acadêmico, volta aos bons tempos da ditadura, quando foi chefão da Arena e do PDS. Em vez de mandar criar um blog que combata o de Alcinéa — já que ele não gosta do dela —, prefere o caminho da censura.
Atenção: ela não está cometendo os chamados crimes contra a honra, não — calúnia, injúria, difamação. Apenas faz análises que não são do agrado do coronel do Amapá — aquele território que virou Estado para que ele pudesse ter uma cadeira cativa no Senado. O busílis está aí: Cristina Almeida, do PSB, uma novata, ameaça a sua reeleição. Noticiou a Folha On Line: “Em maio, o Ibope dava 50 pontos de diferença entre os dois: 58% para Sarney e 8% para Cristina. No final de agosto, o Ibope já dava 29% a ela e 50% a Sarney. Cristina - que disputa pela primeira vez uma eleição - tem agora 40%, contra 47% do atual senador.” Sarney é a oligarquia a serviço do PT. Clique aqui, entre no site de Alcinéa e deixe lá uma mensagem de solidariedade e de protesto. Vamos encher o saco de Sarney.

Série:Quem te viu, quem te vê!

Folha de São Paulo - 21/09/2006
Otavio Frias Filho

O chefão

O MAIS recente escândalo envolvendo Lula & Cia. tornou evidentes duas coisas. A primeira já era sabida desde pelo menos o escândalo do mensalão, há mais de um ano. Ou seja, a cúpula petista instalou uma máfia sindical-partidária no aparelho do Estado. A função dessa máfia é garantir condições para que Lula e seu grupo se eternizem no poder.
O método é desviar recursos públicos e privados para financiar campanhas eleitorais, comprar adesões no Congresso e montar operações de intimidação contra eventuais adversários. Embora ocupando postos de pouca visibilidade, o que caracteriza os integrantes da máfia é a lealdade antiga e canina a Lula, o chefão.
São operadores acostumados a agir nas sombras da delinqüência municipal. Sua ação é agora "legitimada" por intelectuais como Marilena Chaui e Rose Marie Muraro, para as quais o imoral é moral se for bom para a cúpula do partido. Todo governo tem nichos de corrupção, muitas vezes incrustados na vizinhança dos amigos do presidente. Mas são esquemas paralelos, de caráter "particular". Traduzem a sobrevivência do velho patrimonialismo brasileiro.
Onde o PT inovou foi ao estender esses pequenos esquemas ao aparelho governamental inteiro, dando-lhes, além de comando unificado, um caráter partidário e permanente. De fato a corrupção se tornou "sistêmica", como querem os apologistas do governo. Não no sentido de resultar das mazelas do nosso sistema político, mas por configurar uma máquina impessoal agindo dentro do Estado.
O "dossiêgate", como vem sendo chamado, revelou no entanto algo mais perturbador do que essa notícia velha. Tornou evidente que, sob o beneplácito de Lula, a máfia continua a agir de modo cada vez mais desabrido. A impunidade, como era de se prever, gerou a desfaçatez. O favoritismo eleitoral de Lula, turbinado pelas políticas de transferência de renda, aumentou ainda mais a sensação de impunidade. E espicaçou o atrevimento, a ponto de a facção mafiosa correr o risco de prejudicar a reeleição do chefe na tentativa de reverter a vantagem dos tucanos na eleição paulista.
O próprio Lula pergunta retoricamente o que teria a ganhar com uma operação criminal desse tipo, estando sua reeleição quase assegurada. É que em geral os asseclas são mais realistas que o rei. É que cedo ou tarde a "turma" passa a agir por conta própria. Para ilustrar a constatação, basta lembrar que foi exatamente assim que o chefe de segurança de Getúlio mandou matar Lacerda, a principal voz da oposição em 1954, num crime imbecil que derrubaria o presidente em qualquer democracia. Se houver segundo mandato, haverá muito trabalho para o Ministério Público, para o Judiciário e para o que restar de imprensa independente "neste país".

Cai o Rei de Copas, cai o Rei de Paus... cai não fica nada....

Correio Brasiliense - 21/09/2006
Efeito dominó

Crise do dossiê provoca baixas em seqüência no governo e na campanha petista. Berzoini foi afastado da coordenação

Uma nota oficial de apenas duas frases, assinada pelo assessor de imprensa da campanha. Foi assim, sem pompa ou solenidade, que o deputado Ricardo Berzoini foi dispensado da coordenação da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. A demissão de Berzoini foi o ponto mais tenso de um dia especialmente nervoso no Palácio do Planalto.
Assustado com as repercussões do escândalo provocado pelo envolvimento de petistas na compra de um dossiê contra políticos tucanos, o presidente decidiu sacrificar seu braço-direito na campanha. Tenta com isso antecipar-se a novas revelações da investigação feita pela Polícia Federal sobre a origem do dinheiro (R$ 1,7 milhão) usado para tentar comprar o material contra os tucanos. Berzoini está sendo pressionado a afastar-se também da presidência do PT. As circunstâncias da demissão de Berzoini demonstram o clima pesado que tomou conta do governo desde que o caso do dossiê explodiu. Lula chegou a pensar em afastá-lo na terça-feira, quando ainda estava em Nova York, onde participou da Assembléia Geral das Nações Unidas. Assustou-se com a rapidez com que novos nomes de petistas eram envolvidos no caso. Primeiro foi seu assessor especial, Freud Godoy. Depois foi a vez de Jorge Lorenzetti, que chefiava um núcleo de inteligência na campanha e de Oswaldo Bargas, que coordenava um dos grupos de elaboração do programa de governo de Lula. O seguinte foi Expedito Veloso, diretor do Banco do Brasil.

Link para a reportagem completa: assinantes do Correio Braziliense
CorreioWeb - 21/09/2006
Tucanos na mira


Lula ameaça com dossiê se cair nas pesquisas
Gilberto Nascimento Do Correio Braziliense21/09/200607h32 - São Paulo –

Petistas influentes revelaram ontem, em conversas reservadas, que o presidente Lula enviou emissários para conversar com a cúpula tucana e levar o recado de que a prolongação da crise do dossiê não interessa a nenhum dos dois lados e tanto o PT como o PSDB podem sair perdendo. O encarregado de buscar esses contatos com os tucanos, desde segunda-feira, teria sido o próprio presidente petista, Ricardo Berzoini.
Os maiores prejudicados com a crise, num primeiro momento, seriam o próprio Lula e o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, que, nesse momento, já estariam com a eleição praticamente vencida. Lula sofre o desgaste de ver vários de seus auxiliares metidos numa lambança, a fim de tentar abalar a imagem dos concorrentes tucanos com métodos absolutamente reprováveis. Serra, por outro lado, pode ser prejudicado, caso as denúncias contra ele comecem a ser investigadas. Petistas avaliam que caso Lula venha a perder pontos nas pesquisas por causa dessas trapalhadas a solução será partir para o ataque. Lula, então, sacrificará seus colaboradores envolvidos na operação e cobrará, explicitamente, o julgamento de Serra, exigindo a apuração das denúncias contra o candidato ao governo paulista. Sabe-se, no entanto, que, se não houver alterações nas pesquisas, alguns tucanos podem começar a sugerir, inclusive, um impeachment.
Não se sabe exatamente se é por causa da avaliação petista, mas Serra tem se mantido em silêncio em São Paulo. Dá até sinais de que já poderia ter aceitado a proposta do PT. No entanto, o candidato à Presidência do PSDB, Geraldo Alckmin, não embarcará em hipótese alguma nessa idéia e muito menos o PFL, que nunca poupou as duras críticas a Lula.

Foto do dia


Operação Tapa-Buracos

20 de set. de 2006

Manchetes da Crise


Crise do dossiê derruba Berzoini e Garcia assume campanha de Lula.

Mercadante afasta assessor por envolvimento em caso de reportagem contra Serra.

Cai diretor do BB envolvido no dossiêgate

Dinheiro do dossiê foi sacado em três bancos

Paulo Bernardo diz que dossiê é 'trapalhada colossal'

Pop Internacional III


Acepta la justicia brasileña recurso para declarar inelegible a Lula

La justicia electoral de Brasil aceptó hoy un recurso presentado por fuerzas de oposición para declarar inelegible al presidente Luiz Inacio Lula da Silva, acusado de haberse "beneficiado de actos de abuso de poder" en vísperas de los comicios del primero de octubre.
El magistrado César Asfor Rocha concedió el recurso, con lo cual "la investigación judicial contra el presidente Lula y las demás partes tendrá proseguimiento regular", informó el Tribunal Superior Electoral (TSE) en su sitio Internet.

Pop Internacional II

Clarin - Argentina
A 13 días de las elecciones en Brasil, el Gobierno trata de bajarle el tono al nuevo escándalo político

El ministro de Justicia afirmó que Lula "no cree" que su asesor personal haya comprado pruebas para acusar a sus adversarios electorales. En tanto, el candidato opositor, Geraldo Alckmin, dijo que tras este nuevo escándalo es casi seguro que habrá ballotage.

Pop Internacional I

El Pais - Espanha

Un tribunal brasileño investiga a Lula por la divulgación de datos falsos de sus opositores

La confirmación de su implicación en la trama provocaría la cancelación del registro de su candidatura a la reelección


El Tribunal Superior Electoral de Brasil (TSE) ha abierto una investigación contra el presidente Luiz Inácio Lula da Silva y los sospechosos de tramar la divulgación de un expediente con pruebas falsas contra los candidatos opositores a la jefatura del Estado y la gobernación de Sao Paulo. La Policía Federal puso al descubierto el viernes pasado un plan, tramado presuntamente por dirigentes del PT que abandera Lula, para neutralizar las candidaturas de Geraldo Alckmin a la Presidencia y de José Serra a la Gobernación de Sao Paulo.

Bode Expiatório

Eliane Cantanhêde - Folha Online - 20/09/2006

Lula escala "culpado"

O governo recorreu a uma estratégia óbvia e que não é nenhuma novidade: tirou do Planalto e jogou para o PT a culpa pela compra de um dossiê contra tucanos pela bagatela de R$ 1,7 milhão. Lula mantém o poder, mas transforma o PT na sua Geni (aquela da música do Chico Buarque).
Mantém-se, assim, o mesmo script de todos os escândalos que têm aparecido no atual governo, e que não são poucos: o Planalto leva um susto, Lula fica indignado, um ministro é escalado para falar em "armação", Márcio Thomaz Bastos entra em ação para reduzir danos e a culpa acaba sempre nas costas do partido.
No final, Lula vai amontoando cadáveres: José Dirceu, Antonio Palocci, José Genoino, Waldomiro Diniz, Delúbio Soares, Sílvio Pereira, aos quais vêm se somar, agora, Freud Godoy, que trabalha há 16 anos com Lula e com o PT, tem gabinete no Palácio do Planalto e função na campanha da reeleição, e Jorge Lorenzetti, petista desde criancinha e também linha de frente do comitê.
A diferença entre Freud e Lorenzetti é justamente o gabinete. Então, Lula, Tarso Genro, Mercadante, Ricardo Berzoini e todos os lulistas criam a tese de que Freud, na verdade, não teve nada a ver. Foi um pequeno equívoco. Quem estava metido com a compra do dossiê era mesmo o Lorenzetti. Porque um, Freud, é Lula, de Lula, de dentro do Planalto. E o outro, Lorenzetti, é PT, do PT e fora do Planalto. Então, pau no Lorenzetti e pau no PT.
Encontrado o culpado de plantão, agora é rezar para não ter que encontrar os chefes. Porque, senão, coitado do Berzoini, ou coitado do Gilberto Carvalho, secretário particular de Lula e, em tese, chefe direto de Freud no Planalto. A cabeça de um dos dois, ou dos dois, terá que ser dada de bandeja para salvar a pele do chefe Lula.
Completado o círculo, é só manter a mesma ladainha do complô das elites: da oposição, da imprensa, dos ricos. Só não dá para citar a Febraban, que essa não acha nada demais na compra de dossiês contra adversários, desde que os lucros bancários continuem como estão - na estratosfera.
É assim que a eleição passa, as pesquisas vão confirmando o favoritismo de Lula já no primeiro turno e nada muda. Só tem um detalhe. Essa história toda não acaba em primeiro de outubro e, se Lula vencer, já vai começar o segundo mandato com a classe média de cara virada, formadores de opinião enojados e um monte de cadáveres que, na verdade, não são cadáveres. São mortos-vivos. E estes sempre aparecem. Para assombrar.

Charge do Dia: Glauco

Folha de São Paulo - 20/09/2006

Clóvis Rossi: Quadrilha é pouco!

Folha de São Paulo - 20/09/2006
CLÓVIS ROSSI

Quadrilha é pouco

É o delegado de Ribeirão Preto que pede a prisão de Antonio Palocci, acusando-o, entre outras coisas, de "formação de quadrilha" por conta do episódio chamado "máfia do lixo". Quem é Antonio Palocci? Primeiro, foi coordenador de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, no lugar de Celso Daniel, prefeito assassinado de Santo André, em crime que, segundo Luiz Inácio Lula da Silva, envolvia "gente graúda". Depois, Lula e seu partido deixaram morrer mansamente o caso, sem que ele ficasse de fato esclarecido. Depois, Palocci foi o homem forte do governo Lula, responsável pela política econômica, posição que usou para violar o sigilo bancário de um caseiro que fazia acusações contra ele e sua turma.
É também o Ministério Público que pede a prisão de Freud Godoy, recém-demitido do cargo de assessor especial do presidente Lula, pela suspeita de negociar a compra de um dossiê contra candidatos adversários, manobra que o presidente considerou "abominável". É a revista "Época" que informa que Osvaldo Bargas também ofereceu um dossiê contra adversários do PT. Quem é Osvaldo Bargas? Foi alto funcionário do Ministério do Trabalho no governo Lula e, atenção, assessor direto de Ricardo Berzoini, presidente do PT. Quem é mesmo Berzoini? Além de ter sido, como ministro da Previdência, torturador de velhinhos aposentados no processo de recadastramento, é o coordenador da campanha de Lula, como Palocci o foi em 2002. Ah, tem também Jorge Lorenzetti, misto de churrasqueiro de Lula e funcionário de um banco federal, que seria o verdadeiro responsável pela "abominação" (negociar a compra do dossiê). O procurador-geral da República foi contido ao falar em "quadrilha", na denúncia contra toda a cúpula do lulo-petismo.

Mais um na Quadrilha

Folha On line 19/09/2006 - 17h56
Ex-secretário de Berzoini é envolvido em venda de dossiê contra tucanos

O nome do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, foi envolvido na compra do suposto dossiê contra o ex-ministro da Saúde José Serra.
Nota divulgada nesta terça-feira pela revista "Época" informa que um de seus repórteres foi procurado por Oswaldo Bargas --ex-secretário de Ricardo Berzoini no Ministério do Trabalho e um dos coordenadores de campanha à reeleição de Lula. Ele queria saber se a revista tinha interesse em publicar denúncias contra "políticos de renome".
Segundo a revista, Bargas teria mencionado que o PT não tinha nada a ver com aquela denúncia e que apenas Berzoini sabia do encontro com o jornalista da revista.
Procurada pela Folha Online, a assessoria do PT informou que vai se pronunciar ainda hoje sobre a denúncia de suposto envolvimento do presidente do partido na negociação de um dossiê contra políticos do PSDB.

19 de set. de 2006

A Ética no Lixo

Terra Notícias - 19/09/2006


Polícia pede prisão do ex-ministro Antonio Palocci

O delegado seccional Antonio Valencise da Polícia de Ribeirão Preto, confirmou que pediu a prisão do ex-ministro Antonio Palocci e demais envolvidos em irregularidades no contrato de limpeza nas administrações do PT. Segundo Valencise, o pedido foi feito no relatório final do inquérito que aponta o ex-ministro e candidato a deputado federal pelo PT Antonio Palocci como o coordenador da "máfia do lixo".

As investigações abrangeram irregularidades nas gestões dos petistas Palocci (2001 a 2002) e Gilberto Maggioni (2002 a 2004) em Ribeirão Preto. A suposta fraude no contrato de limpeza pública envolveria a empresa Leão Leão e seria coordenada por Palocci. De acordo com o relatório, o rombou deixado pela fraude foi superior a R$ 30 milhões.

Na semana passada, Palocci foi apontado pela Polícia Federal como o mandante da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. No inquérito, o delegado da PF Rodrigo Carneiro Gomes, responsável pelo caso, confirma o pedido de indiciamento do ex-ministro da Fazenda pelos crimes de denunciação caluniosa, prevaricação e quebra de sigilos bancário e funcional. A soma dos quatro crimes pode dar até 15 anos de cadeia.

Formação de Quadrilha

Blog do Noblat - 19/09/2006

Diretor do Banco do Brasil se envolveu com o escândalo do dossiê contra Serra


Expedito Afonso Veloso, diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil, participou ativamente da operação de montagem e de divulgação do dossiê que tenta ligar o ex-ministro da Saúde José Serra à Máfia dos Sanguessugas, responsável pelo desvio de dinheiro público para a compra e venda de ambulâncias a preços superfaturados.

Ele entrou de férias do banco no dia 29 de agosto último, segundo Felipe Recondo, repórter do blog. E desde então trabalha na campanha de Lula. Ali, não tem uma função específica. Ora recolhe informações econômicas que poderão ser aproveitadas pelo PT ou pelo candidato, ora faz trabalhos típicos de arapongas.

Na semana passada, Expedito foi despachado para Cuiabá com a missão de convencer Darci e Luiz Antonio Vedoin, chefes da Máfia dos Sanguessugas, a conceder uma entrevista à revista ISTOÉ falando mal de Serra e do seu sucessor no Ministério da Saúde Barjas Negri. A entrevista durou pouco mais de uma hora, segundo contou o próprio Expedito a um amigo.

A participação de Expedito no caso não se limitou a isso. A maioria dos documentos que os Vedoin entregaram à Justiça como parte do dossiê capaz de implodir a candidatura de Serra ao governo de São Paulo foi reunida pelo próprio Expedito. E repassada por ele aos Vedoin.

- Fui eu que investiguei tudo e montei o dossiê - revelou Expedito a esse amigo dele.

Freudgate: TSE aprova pedido para investigar Lula

Folha Online 19/09/2006 - 20h22
TSE aprova pedido para investigar Lula pelo caso do dossiê antitucano
Publicidade


O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu abrir investigação judicial eleitoral contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os suspeitos de envolvimento no dossiê contra candidatos tucanos. O corregedor-geral do TSE, César Asfor Rocha, acatou nesta terça-feira o pedido protocolado no tribunal pela coligação PSDB-PFL para a apuração das denúncias que o dossiê seria vendido ao PT como forma de prejudicar as candidaturas de José Serra e Geraldo Alckmin.O corregedor determinou a notificação imediata do presidente Lula e dos envolvidos no episódio para que sejam informados sobre o início das investigações. O advogado de Lula minimizou a decisão e disse que ela era uma "tempestade em copo d'água". Em Nova York, Lula disse que estão querendo melar a eleição.Além de Lula, a ação protocolado pelo PSDB e PFL pede que o TSE investigue o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, os dois envolvidos na compra do dossiê, Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha da Silva, além do assessor especial da Presidência, Freud Godoy --apontado por Gedimar como o mandante da compra do dossiê.César Rocha também solicitou cópia do inquérito policial com informações sobre a venda do dossiê. O corregedor determinou à Polícia Federal que mantenha o TSE informado sobre todas as investigações realizadas na apuração do caso. Ele também pediu que a PF faça perícia no dinheiro (cerca de R$ 1,7 milhão) encontrado com Gedimar Passos no dia em que foi preso, após negociar a compra do dossiê.Segundo o corregedor, a investigação se justifica uma vez que a Lei Eleitoral determina o cancelamento do registro da candidatura ou a cassação do diploma se for comprovado abuso do poder econômico para pagamentos de gastos eleitorais.PuniçõesNo pedido, a oposição acusa o ministro da Justiça, como chefe da Polícia Federal, de ter interferido na campanha à Presidência da República ao evitar o flagrante da compra do dossiê. Segundo o PSDB e o PFL, a Polícia Federal só permitiu a exposição pública do material apreendido em Cuiabá, com fotos e DVDs de Serra e Alckmin, fazendo a ligação dos tucanos com a máfia das ambulâncias --mas evitou a divulgação de imagens de Gedimar e Valdebran com o dinheiro para a compra do dossiê.O ministro teria utilizado a máquina pública, segundo a oposição, em benefício da candidatura de Lula. Berzoini foi incluído no pedido por ser presidente do PT, apontado como o agente responsável pela compra do dossiê.Se o TSE concluir após as investigações que o presidente Lula teve participação na suposta compra do dossiê, ele pode ficar inelegível por três anos a partir da disputa de 2008. O presidente também corre o risco de perder o mandato se depois de empossado a oposição ingressar com recurso contra expedição de diploma ou com ação de impugnação do mandato, com base no resultado das investigações.

Série: Nem FREUD explica!

Correio Braziliense - 19/09/2006
Um cargo só para o amigo

Olhe com atenção para qualquer foto de Lula em campanha presidencial. Pode ser em 1989, 1994, 1998 ou 2002. São grandes as chances de que Freud Godoy apareça em um canto da imagem, com o olhar vigilante e expressão concentrada. Desde a primeira vez que Lula disputou o Palácio do Planalto, Freud tornou-se uma espécie de anjo da guarda de Lula. Mais que isso, virou amigo pessoal do presidente, companheiro de viagens, conversas e do futebol do fim de semana. Quando Lula chegou ao poder, premiou o amigo. Mandou criar especialmente para ele o cargo de assessor especial do gabinete pessoal da presidência, com o nível de DAS 5, o segundo maior salário pago no governo federal.
Em 29 de dezembro de 2002, já presidente eleito, Lula foi flagrado caminhando com o amigo Freud. O assessor tinha sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, próxima ao gabinete do presidente Lula. Também costumava ficar no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, e o acompanhava nas viagens a São Paulo nos finais de semana. Oficialmente, era designado para cuidar da segurança da primeira-dama, Marisa Letícia.
Na prática, era um assistente pessoal e interlocutor de Lula. Além do salário, de R$ 4,8 mil, recebia auxílio moradia de R$ 1,8 mil e diárias sempre que viajava a trabalho. Entre ajudas de custo e diárias, recebeu R$ 79 mil desde que foi nomeado. A proximidade com o presidente e sua família, e também com integrantes do PT, lhe rendeu um contrato para prestação de serviços de segurança para a campanha de Lula à reeleição. A empresa de segurança de Godoy está no nome da mulher.

Série: Nem FREUD explica!

Correio Brazilense - 19/09/2006
Planalto sente o baque

O clima no palácio é de preocupação.
Lula passou o dia calado e levou a crise junto com ele para Nova York

Gustavo Krieger e Sandro LimaDa equipe do Correio

Nos últimos meses, a cada vez que a crise política apertou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou-se a Getúlio Vargas. Gosta de apresentar o ex-presidente como um exemplo de político que teria sido perseguido pelas elites. Ontem, a pelo menos dois interlocutores, fez outra incômoda analogia. “Estão querendo me arrumar um Gregório Fortunato”, reclamou, em referência ao envolvimento de seu ex-segurança e assessor especial Freud Godoy na tentativa de compra de um dossiê contra tucanos. Gregório chefiava a guarda pessoal de Vargas em 1954 e foi o mandante de uma tentativa de assassinato contra Carlos Lacerda, adversário político do presidente. Lacerda levou um tiro no pé e um de seus acompanhantes foi morto. A crise terminou com o suicídio de Getúlio. O clima no Palácio do Planalto ontem era de extrema preocupação. A coordenação da campanha à reeleição iniciou uma série de pesquisas de campanha para medir o tamanho do estrago do caso nos índices de Lula. Mas a maior preocupação é com a possibilidade das investigações do caso levarem a crise ainda mais perto do presidente. Além de Freud Godoy, outro envolvido no caso era freqüentador do Palácio da Alvorada. O petista Jorge Lorenzetti, que coordenava um núcleo de inteligência na campanha (leia abaixo) foi o “churrasqueiro” em vários almoços promovidos por Lula na residência oficial.

Eleições 2006

Do Diário do Amapá, hoje:

"O Ministério Público Eleitoral no Amapá ajuizou ontem representação por captação ilícita de sufrágio (compra de votos) e condutas vedadas aos agentes públicos em campanha eleitoral (uso da máquina pública) contra o governador e candidato à reeleição Waldez Góes (PFT), pedindo a condenação na pena de multa e cassação do registro ou diploma, pelo mesmo ter incidido nos arts. 41-A e 73, incisos I e III, da Lei nº 9.504/97 (lei das Eleições), segundo o MPE.

Em sua campanha, Waldez teria promovido nos dias 14 e 27 de agosto "almoçomícios" - misto de almoço e comício - em que houve, segundo a denúncia, farta distribuição de refeições consistentes em feijoada, arroz e farofa, acompanhada de refrigerantes.

Os almoçomícios foram realizados em áreas da periferia de Macapá, atraindo uma multidão de pessoas humildes, adultos e crianças, os quais naqueles dias tiveram, em troca do voto, garantidos seu almoço e de sua família em decorrência da prática assistencialista —na avaliação do MPF."

18 de set. de 2006

Frase do Dia!

Agora, a única frustração que eu tenho é que os ricos não estejam votando em mim. Porque eles ganharam dinheiro como ninguém no meu governo.

Lula, em entrevista publicada na Folha de São Paulo.

No Brasil até Freud se avacalha!

Assessor de Lula pede demissão após caso do dossiê anti-Serra

EPAMINONDAS NETO da Folha Online

Freud Godoy, que teve seu nome envolvido no episódio da suposta compra de um dossiê contra o ex-ministro José Serra, disse por telefone para a Folha Online que já enviou seu pedido de demissão do cargo de assessor especial da Secretaria Particular do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seu nome teria sido citado por Gedimar Pereira Passos como o suposto responsável por repassar recursos para a compra do dossiê anti-Serra. "Eu não tenho nada a ver com isso, absolutamente nada", afirmou. "Faz uns 40 minutos que eu enviei um e-mail para o gabinete do Gilberto Carvalho [chefe do gabinete de Lula] com meu pedido de demissão", afirmou.

Enquanto isso, no Mato Grosso do Sul



Irregularidades em série

André Puccinelli, candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, é acusado de superfaturar obras e dirigir licitações

Lúcio Vaz Enviado especial - Campo Grande (MS)

Com chances de ser eleito governador do Mato Grosso do Sul já no primeiro turno, como indicam as pesquisas eleitorais, o ex-prefeito da capital André Puccinelli (1997-2004) fez uma administração marcada por muitas obras e por denúncias de irregularidades. Compra de votos, empresários laranjas “tocando” obras públicas, superfaturamento e direcionamento de licitações estão registrados em depoimentos de testemunhas ao Ministério Público Federal e à Justiça, em auditorias da Controladoria Geral da União (CGU) e até em fita de vídeo. Na urbanização do Córrego Bandeira, a CGU apontou um sobrepreço de R$ 3,9 milhões, além de sub-rogação ilegal de contrato e fuga ao procedimento licitatório. Durante quase um ano, parte da obra foi tocada por uma empresa que estava em nome de dois garis, a Engecap, controlada por Éolo Ferrari. O contrato foi cancelado, mas os garis assumiram dívidas no valor de R$ 4 milhões.
Situação semelhante é narrada pela empresária Marinês Bertagnilli, ex-mulher do empreiteiro João Amorim, em medida cautelar que moveu na Justiça, em 2003, para recuperar documentos da empresa MBM Construções, que executou diversas obras da prefeitura. Marinês também foi usada como “laranja” e herdou dívida com o INSS no valor de R$ 985 mil. Segundo ela, Éolo e Amorim, “ao que parece, têm por costume manter empreiteiras em nome de terceiros, destinadas a se beneficiar de licitações públicas do atual governo municipal, com cujo prefeito mantêm estreitos laços de amizade pessoal, já que esse último foi inclusive tesoureiro das duas campanhas do prefeito André Puccinelli”.

Link para a reportagem completa no Correio Braziliense - para assinantes

Charge do dia



Folha de São Paulo - 16/09/2006

Freud: o Gregório Fortunato do PT

O Estado de São Paulo - 16/09/2006
Preso diz à PF nome de petista que mandou comprar dossiê de Vedoin

Advogado revela que 'Froude' ou 'Freud' o escalou para pagar R$ 1,75 mi por papéis contra candidatos tucanos

Sônia Filgueiras, , Vannildo Mendes, , Ana Paula Scinocca


O advogado Gedimar Passos deu, em depoimento à Polícia Federal (PF) de São Paulo, o nome da pessoa do PT que teria sido a responsável pela operação de compra do dossiê contra os candidatos do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, e à Presidência, Geraldo Alckmin, e o ex-ministro da Saúde, Barjas Negri, também tucano. Gedimar declarou que foi a mando de um homem chamado 'Froude' ou 'Freud' que recebeu a missão de pagar R$ 1,75 milhão por documentos e informações sobre o suposto envolvimento dos políticos no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas.Segundo ele, consta que o mandante da operação seria dono de uma empresa de segurança 'no (eixo) Rio de Janeiro/SP'. Ele também afirmou que não sabe dizer se 'Froude' ou 'Freud' tem influência no PT, mas a polícia já trabalha na identificação do responsável. Há pistas que apontam para Freud Godoy, atual assessor do Gabinete da Presidência e ex-coordenador de segurança das quatro campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. É uma espécie de fiel escudeiro do presidente desde a década de 80. Segundo informações de funcionários do Diretório Nacional do PT de São Paulo, Freud é sócio de uma empresa de segurança que presta serviços ao partido. Ele foi procurado, mas não foi localizado ontem pelo Estado (leia ao lado).Gedimar e o empresário petista Valdebran Padilha foram presos na sexta em São Paulo com R$ 1,75 milhão, em notas de real e dólar. Eles estavam em um hotel da zona sul e tinham agendado encontro com Luiz Antônio Vedoin e o tio dele, Paulo Roberto Trevisan, que teriam dossiê supostamente capaz de relacionar Serra e Alckmin com a venda superfaturada de ambulâncias para prefeituras. Vedoin é dono da Planam, empresa que vendia os veículos e era o pivô do chamado esquema dos sanguessugas.Os dois deveriam verificar a autenticidade do material. Num depoimento prestado anteontem, eles contaram que o dinheiro para adquirir o dossiê veio de um representante do PT de São Paulo. Gedimar também descreve os dois emissários do PT que teriam entregado o dinheiro destinado ao pagamento pelo dossiê. Segundo o advogado, o primeiro R$ 1 milhão ele recebeu de um desconhecido no estacionamento do hotel onde estava hospedado na véspera de ser preso. O restante, de uma pessoa que se identificou como 'André'.Ainda conforme o depoimento do advogado, o PT teria tido dificuldades de levantar o dinheiro. Assim, teria trazido para a operação um órgão de imprensa que teria exclusividade na divulgação do material. O mesmo dossiê também seria entregue por Vedoin à Justiça Federal de Mato Grosso. No dia 14, o advogado do empresário protocolou na Justiça do Estado todos os documentos relacionados ao suposto envolvimento de um empresário ligado a Barjas, hoje prefeito de Piracicaba (SP), no esquema.

Link para a reportagem completa

Série: Dinheiro na mão é vendaval

Folha de São Paulo - 18/09/2006
Entrevista contra Serra foi paga pelo PT, afirma preso

Detido por negociar dossiê, advogado diz que partido dividiu custos com revista
À PF, Gedimar Pereira Passos disse ter sido "contratado" pela Executiva Nacional do PT para negociar compra de dados da família Vedoin

RENATA LO PRETE EDITORA DO PAINEL

O advogado e ex-policial federal Gedimar Pereira Passos, preso sexta-feira em São Paulo, afirmou à PF que foi "contratado pela Executiva Nacional do PT" para negociar com a família Vedoin a compra de um dossiê contra os tucanos, e que do pacote fez parte entrevista acusando José Serra de envolvimento na máfia sanguessuga.Em seu depoimento, ao qual a Folha teve acesso, Gedimar declarou ter entregue R$ 1 milhão do total que seria pago aos donos da Planam (cerca de R$ 1,7 milhão) a Valdebran Padilha da Silva, intermediário da família no negócio, "no momento em que foi iniciada a entrevista entre os Vedoin e a imprensa" em Cuiabá (MT).Os Vedoin, de acordo com Gedimar, pediram inicialmente R$ 20 milhões por "informações graves" que envolveriam "não só políticos de outros partidos, mas também do próprio PT", e referentes "não apenas ao caso sanguessuga". O valor, entretanto, "estava fora do alcance do partido".
A negociação teria prosseguido até baixar a R$ 2 milhões. Como mesmo essa quantia foi considerada elevada, o PT, segundo Gedimar, ofereceu "a uma importante revista de circulação nacional sociedade na compra das informações".
Ele disse não saber se a revista seria "IstoÉ" que na sexta-feira chegou às bancas com entrevista exclusiva em que Luiz Antonio Vedoin acusa Serra-, "Época" "ou mesmo um grande jornal de São Paulo".Gedimar contou à PF que "houve um acordo entre o PT e o órgão de imprensa" e que chegaram a reunir "pouco menos de R$ 2 milhões".Segundo o depoimento, "ficou acertado que uma equipe de jornalistas se deslocaria até Cuiabá para realizar entrevista exclusiva com os Vedoin", que na ocasião apresentariam "um arsenal de documentos".
Os papéis, diz Gedimar, foram mostrados aos jornalistas, mas ficaram com Vedoin, pois "só seriam entregues mediante pagamento". As informações, no entanto, se revelaram decepcionantes. Resumiam-se "a fatos já de conhecimento da sociedade em geral, de pouca importância para o PT e para o órgão de imprensa".
 
Site Meter