
A Polícia Federal e o Ministério Público reconhecem sob reserva que todos os petistas envolvidos no dossiêgate podem sair ilesos do episódio se a investigação não conseguir comprovar a origem ilegal do dinheiro que seria usado na operação. Não há no código penal nenhum artigo que tipifique como ilegal a compra de documentos. Tampouco há lei prevendo punição para pessoas pilhadas com R$ 1,7 milhão de provedor desconhecido.
Mesmo para enquadrar os envolvidos no Código Eleitoral, seria necessário demonstrar que o dinheiro saiu de alguma arca clandestina do PT ou do caixa de candidatos do partido. Algo que a Polícia Federal está longe de provar. O elo mais próximo do dinheiro com o PT é um lote de fitas de vídeo. As imagens mostram o petista Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Aloizio Mercadante, entrando no Hotel Íbis, onde o dinheiro foi apreendido, com valises que, supõe a PF, estavam recheadas de reais e dólares.
Hamilton, porém, negou em depoimento que houvesse levado os recursos para Gedimar Passos, o ex-agente da PF que prestava serviços ao PT na noite de 15 de setembro, quando foi flagrado com os maços. Cabe à polícia provar que o assessor de Mercadante está mentindo. O que só será possível se o rastreamento das transações financerias ou das ligações telefônicas revelar as digitais de Hamilton em algum saque ou em contatos com doleiros e casas de câmbio.
Os investigadores estão convencidos de que o deputado Ricardo Berzoini, presidente licenciado do PT, conhece todos os meandros do dossiêgate, inclusive a origem do dinheiro. Numa primeira análise dos dados telefônicos, verificou-se que protagonistas do caso discaram para Berzoini no período em que a compra do dossiê antitucanos foi negociada. Berzoini será inquirido na terça-feira. Mas o conteúdo de seu depoimento já é conhecido.
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