Fragmentos: Dentro da noite veloz - Ferreira Gullar

A vida muda como a cor dos frutos lentamente e para sempre. A vida muda como a flor em fruto velozmente.
A vida muda como a água em folhas o sonho em luz elétrica a rosa desembrulha do carbono o pássaro da boca mas quando for tempo.
E é tempo todo o tempo mas não basta um século para fazer a pétala que um só minuto faz ou não mas a vida muda a vida muda o morto em multidão.


10 de out. de 2006

Dossiê zoológico: deu avestruz na cabeça

Correio Braziliense - 10/10/2006
Dinheiro do jogo do bicho

Polícia Federal investiga se parte dos R$ 1,7 milhão apreendidos com petistas veio de bicheiros ou de caixa 2 de campanha

Marcelo Rocha - Enviado especial

Cuiabá — A Polícia Federal suspeita que parte do dinheiro arrecadado por petistas para a compra do dossiê contra o PSDB tenha origem em bancas do jogo do bicho no Rio. A linha de investigação foi debatida ontem durante encontro entre quatro integrantes da CPI dos Sanguessugas e o delegado Diógenes Curado, encarregado de desvendar de onde saíram os R$ 1,7 milhão (em notas de dólares e reais) que seriam usados na negociação do material que pudesse comprometer tucanos com os sanguessugas.
Os policiais também não descartaram a hipótese de que a procedência dos recursos seja de caixa 2 de campanha. Duas tiras de papel encontradas com os R$ 1,1 milhão e os US$ 248,8 mil que estavam em poder de Valdebran Padilha e Gedimar Passos, em São Paulo, chamaram a atenção dos investigadores. Elas trazem anotações de valores e fazem referência a duas localidades no Rio: Duque de Caxias e Campo Grande. Ao lado de cada nome, havia ainda um número que a polícia acreditava se referir a bancos (118 e 119, respectivamente). Após pesquisar a rede bancária, a PF constatou que não existem tais números.
Com isso, ganhou força entre os policiais a tese de que o dinheiro tenha origem no jogo do bicho. Também não foram descartadas outras fontes de recursos, como casas de bingo. A forma como o dinheiro foi encontrado também fez aumentar a desconfiança: boa parte em notas velhas e miúdas, de R$ 5 e R$ 10. “Essa foi uma operação digna de concorrer ao prêmio Nobel de burrice”, desabafou o deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE), um dos sub-relatores da CPI ao receber do delegado Diógenes Curado um panorama das investigações. Como integrante do partido, não lhe restou outra alternativa: cobrar explicações do presidente afastado da legenda. “Por maior ou menor grau de envolvimento, ele, como presidente do partido deveria ter abortado essa operação”, afirmou o pernambucano.

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