Fragmentos: Dentro da noite veloz - Ferreira Gullar

A vida muda como a cor dos frutos lentamente e para sempre. A vida muda como a flor em fruto velozmente.
A vida muda como a água em folhas o sonho em luz elétrica a rosa desembrulha do carbono o pássaro da boca mas quando for tempo.
E é tempo todo o tempo mas não basta um século para fazer a pétala que um só minuto faz ou não mas a vida muda a vida muda o morto em multidão.


24 de out. de 2006

Laranja dos Aloprados

Correio Brazilense - 24/09/2006









PF no rastro de “laranjas”



Polícia identifica pessoas que podem ter sacado parte dos dólares apreendidos com petistas e já tenta hoje colher depoimentos


A Polícia Federal identificou um grupo de “laranjas” no caminho dos US$ 248,8 mil que seriam usados por petistas na compra do dossiê contra tucanos. Eles pertenceriam a uma mesma família, de origem humilde, e tiveram seus nomes incluídos na transação para encobrir o verdadeiro financiador dos dólares. E moram no subúrbio do Rio de Janeiro, região onde também fica a Vicatur Câmbio e Turismo Ltda, a agência de turismo de Nova Iguaçu de onde teria saído a maior parte dos recursos em moeda americana encontrados em poder dos petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos.
No total, a dupla foi presa com R$ 1,75 milhão num hotel de São Paulo no dia 15 de setembro. Ao analisar mais de 200 mil operações realizadas entre agosto e setembro em 30 casas de câmbio e agências de turismo no Rio, São Paulo e Florianópolis, a polícia identificou uma série de irregularidades. Foi possível identificar, em alguns casos, que seus clientes eram na verdade pessoas humildes que alugam seus CPFs para que terceiros comprem dólares, em operações de lavagem de dinheiro. Ao perseguir transações com esse perfil, os investigadores desconfiaram de um conjunto de operações que somam aproximadamente o valor que estava com o grupo petista.
A investigação da PF conseguiu identificar entre cinco e nove “laranjas” em operações da Vicatur e tentará ouvi-los a partir de hoje. Não se sabe ainda se eles “emprestaram” seus cadastros ou tiveram os nomes inseridos indevidamente na operação. Nesse caso, admite-se a hipótese de que eles vinham sendo utilizados como intermediários em operações similares há mais tempo — não só na que teria dado origem aos US$ 248,8 mil que estavam com Valdebran Padilha e Gedimar Passos — e, dificilmente, terão informações para contribuir com os responsáveis pelo inquérito. Para tentar levantar informações sobre o caso, os policiais chegaram a programar para ontem uma operação de busca e apreensão de documentos na Vicatur, mas o vazamento do nome da empresa para a imprensa no último domingo fez com que os investigadores recuassem. Um dos investigadores, no entanto, afirmou que o fato de parte dos recursos ter sido adquirida nessa casa de câmbio não significa que ela esteja envolvida em irregularidades, porque um doleiro poderia ter montado toda engenharia da operação sem o conhecimento dos proprietários. Raciocínio válido para as casas de câmbio Diskline, de São Paulo, e Centauros, de Florianópolis, também investigadas pela polícia.

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